A região é famosa por seus atributos naturais. O distrito acompanha a Serra de Antônio Pereira e também vislumbra o Pico do Frazão, próximo à Vila Samarco. Essas encostas anunciam paisagem peculiar, de beleza e valor inestimáveis, com uma rede de nascentes e cachoeiras, além de trilhas e grutas fascinantes.
Em seu lado leste, Antônio Pereira é agraciado com formações rochosas de mármore dolomítico. Ali, encontra-se a Gruta Nossa Senhora da Lapa, bordada com singela Mata Atlântica e áreas de campo cerrado, patrimônio cultural, religioso, espeleológico e natural reconhecido como Santuário e Monumento Natural Municipal.
Todo esse conjunto paisagístico compõe parte da Serra do Espinhaço, que divide as bacias do Rio das Velhas e do Rio Doce. Em sua cabeceira está o Rio Gualaxo do Norte, localmente, Córrego Água Suja.
A paisagem e o patrimônio de Antônio Pereira são ameaçados por recorrentes queimadas e incêndios florestais e também pela poluição dos rios, que é agravada pela deficiência no saneamento básico e na gestão de resíduos sólidos da região.
O avanço da Mina Timbopeba, com a expansão da mineração, vem consumindo aos poucos esse complexo paisagístico. Isso ocorre, principalmente, desde os anos 2000, por causa da construção da Barragem Doutor, da Vale. Ao longo dos anos, o crescimento do distrito — que se acelerou com a intensificação da atividade mineradora — levou muitos moradores a se tornarem “vizinhos de muro” do empreendimento.
A gruta em homenagem a Nossa Senhora da Lapa existe há mais de 300 anos. Localizada em uma montanha ao alto do distrito, a gruta foi descoberta por crianças em 1757. No século XVIII, iniciou a peregrinação no local, que permanece até os dias de hoje.
A história da Matriz de Nossa Senhora da Conceição da Lapa é parte fundante da história do próprio distrito de Antônio Pereira. Em fevereiro de 1830, passou por um terrível incêndio, que a deixou em ruínas. Desde então, passou a ser conhecida como Igreja Queimada.
A Igreja tomou o formato que possui atualmente a partir das obras que iniciaram no século XX. A edificação hoje tem duas torres sineiras, frontão triangular e duas varandas centrais. Infelizmente, não conserva mais seu altar original.
Com uma longa história e uma rica cultura, o distrito resiste aos atravessamentos e violações da mineração predatória. Desde os rompimentos das barragens de Fundão, em Mariana, e Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, a população de Antônio Pereira vive sob o risco de rompimento da Barragem Doutor e dos impactos do seu descomissionamento.