Instituto Guaicuy

18 de Maio, dia de defesa e luta pelo direito de ser e existir seguro

18 de maio, 2021, por Comunicação Guaicuy

Há mais de 30 anos iniciava um movimento pelo direito de ser humano. Um ser louco,  vivo, pensante, pai, mãe, irmão, filho. Livre, sem ter  corpo e mente aprisionados e desumanizados. 

Hiram Firmino lembra em seu livro Nos Porões da Loucura, a passagem de Franco Basaglia pelo Brasil na década de 70, de seu estarrecimento frente ao tratamento à loucura. Basaglia surprendeu-se com a total privação dos direitos humanos, as pessoas não tinham acesso a médico, higiene, roupas, alimentação, medicação individual, erão vítimas de procedimentos invasivos, corpos nus se arrastando pelo chão, solidão, abandono, segregação. Basaglia chegou a comparar os manicômios brasileiros aos campos de concentração nazistas. 

Dez anos após a visita de Basaglia, com o lema “por uma sociedade sem manicômios”, diversas categorias profissionais, associações de usuários, familiares e outros segmentos da sociedade se uniram para denunciar as graves violações aos direitos da pessoa com sofrimento mental. Dessa forma, no Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, em Bauru/SP e na I Conferência Nacional de Saúde Mental, em Brasília,   foi proposta a reorganização do modelo de atenção em saúde mental no Brasil. Assim como o processo do Movimento da Reforma Sanitária, que resultou na garantia constitucional da saúde e a criação do SUS, o Movimento da Reforma Psiquiátrica resultou na aprovação da Lei 10.216/2001, nomeada “Lei Paulo Delgado”. Essa Lei trata da proteção dos direitos das pessoas com transtornos mentais e redireciona o modelo de assistência com o fechamento progressivo de hospitais psiquiátricos e a criação de novos serviços comunitários, abertos e de base territorial, buscando a garantia da cidadania de usuários e familiares, historicamente discriminados e excluídos.

A saúde mental é uma questão de saúde pública que requer um olhar especial. Deve-se  entender que o cuidado em saúde mental se dá junto a família e a comunidade,  com garantia de acesso a trabalho, educação, cultura, esporte, lazer, sendo a hospitalização o último recurso. 

Seguindo esses princípios, o Instituto Guaicuy, dentro de seu trabalho de Assessoria Técnica para as pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Vale sobre o rio Paraopeba, oferece acolhimento psicossocial  cujo propósitos são:

  • Oferecer suporte de escuta e diálogo com as pessoas atingidas sobre as diversas manifestações de sofrimento; 
  • Dar visibilidade às questões singulares de cada um e de suas histórias; 
  • Prover um espaço de identificação dos danos à saúde para subsidiar a matriz de danos; 
  • Identificar vulnerabilidades e riscos sociais nos territórios;
  • Realizar encaminhamentos para a rede de serviços públicos locais.

Nos territórios atingidos das Áreas 4 e 5, a partir da análise de informações do Acolhimento Psicossocial, identificamos as principais questões que afetam a saúde mental e a qualidade de vida das pessoas atendidas:

  • 78,3% das pessoas relatam surgimento de doença após o rompimento;
  • As pessoas atingidas relatam maior incidência de doenças dermatológicas, gastrointestinais, hipertensão, depressão e ansiedade; 
  • 80,2% das pessoas fazem acompanhamento de saúde na rede pública;
  • 8,3% são acompanhadas na assistência social. Desse total, 36,5% tiveram dificuldades de acesso aos serviços públicos após o rompimento da barragem.

É nesse cenário de relevantes danos à saúde mental das pessoas atingidas que acreditamos na luta pela defesa do SUS e dos direitos conquistados que estão sendo gravemente atacados. A luta por uma sociedade sem manicômios continua, “eles não passarão, eu passarinho”, e resistência, nesses “mais de 30 anos de luta por um Brasil sem prisões e sem manicômios: vida, liberdade, SUS e Vacina para todos e todas!”

Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes

Essa data marca, também, o Dia do Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, e tem o intuito de alertar toda a sociedade sobre a necessidade da prevenção às violências sexuais contra crianças e adolescentes.

Vivenciamos uma realidade na qual diariamente crianças e adolescentes são expostos a múltiplas violências nos ambientes onde vivem e frequentam. Na fase da infância e adolescência, as vítimas de violências sexuais, na maioria dos casos não têm a percepção, a noção que aquela vivência é uma situação de violência, de abuso sexual. Portanto, olhar com atenção para as crianças e adolescentes, escutá-los com respeito, acreditar no que dizem e estar atento aos sinais físicos e emocionais, é muito importante.

Para cuidarmos e protegermos nossas crianças e adolescentes precisamos de uma rede de proteção e atendimento articulada e trabalhando em parceria. Essa rede deve ser acionada sempre que houver uma suspeita de violência e inclui a escola, os serviços de saúde, os serviços de Assistência Social, o Conselho Tutelar, as polícias civil e militar, o Ministério Público, as Varas da Infância e da Juventude, entre outros. 

  • Como identificar e ajudar uma criança ou adolescente que esteja em situação de violência sexual? 

Conversar sobre o assunto, levar esse tema para conversas familiares ou nos grupos que participamos. Nos diálogos  com outras pessoas e com as crianças e adolescentes, sempre aprendemos muito e transmitimos também o que sabemos. É escutando as crianças e adolescentes, que poderemos juntos construir novas e efetivas respostas de proteção e cuidado. E vale lembrar: É importante garantir a participação ativa das crianças e adolescentes nos espaços da escola, família e comunidade.

Para denunciar qualquer forma de violência contra as crianças e adolescentes: 

Disque 180 ou Disque 100.

Texto produzido pela Equipe Técnica da Coordenação de Saúde e Assistência Social do Instituto Guaicuy

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