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Instituto Guaicuy
Instituto Guaicuy

Editorial — Antônio Pereira: beleza, vida e luta por Justiça!

19 de março, 2025, por Comunicação Guaicuy

Durante uma oficina de Direitos Humanos e Comunicação Popular, realizada por nós, do Guaicuy, em 2024, uma adolescente nos disse que a beleza de Antônio Pereira são as pessoas que ali vivem. Ela está certa! 

Entre as lindas serras verdes, cercadas de águas cristalinas que brotam do chão, com terra boa e fértil sob os pés e um céu azul intenso sobre as cabeças, esse povo tem olhos de enxergar belezas. Eles vêem as próprias belezas, suas forças, encantos e, principalmente, a própria coragem. 

Tão diverso quanto o encontro do Cerrado com a Mata Atlântica que funda o ecossistema local, o povo desse distrito ouropretano é forjado na luta pela sobrevivência, na capacidade de se adaptar às adversidades e seguir celebrando seus modos de ser e estar no mundo. Na base da sua constituição é possível encontrar indígenas Borum-Kren, ciganos Calons, benzedeiras e uma numerosa comunidade garimpeira tradicional. Cada passo dado por esse povo é marcado por ancestralidades latentes, pela visão de um futuro possível e pela defesa do seu território frente ao saque perpetrado por mineradoras multibilionárias como a Vale e a Samarco.

Em mais de sessenta anos de exploração predatória do minério no território, os danos deixados pela atividade extrativista industrial de larga escala são avassaladores, mas essas duas mineradoras (Vale e Samarco), são as que mais marcas deixam em Antônio Pereira. Seja na brutal transformação da paisagem, seja nos danos à saúde física, mental e financeira da população após o rompimento da barragem de Fundão (2015), na vizinha cidade de Mariana, e o risco de rompimento da Barragem Doutor (2020), da Vale, uma bomba relógio que está em obras de descaracterização, mas ainda paira sob as cabeças de centenas de famílias atingidas. 

De acordo com diversos relatos confiados a nós enquanto ATI dessa comunidade,  as mineradoras chegam com promessa de empregabilidade, mas têm trazido medo, depredação do patrimônio natural, empobrecimento, exploração sexual de mulheres e crianças, poluição, adoecimento, cerceamento da liberdade, entre muitos outros danos e violações de direitos humanos. 

O  distrito se viu esvaziado com os deslocamentos forçados da área que hoje é chamada de Zona de Autossalvamento (ZAS), uma zona da morte onde as moradias foram “compradas” com a “lama invisível” da Vale. O descaso da mineradora fez desses lugares uma parte “fantasma” do distrito. Casas que já abrigaram famílias e que estão na zona de autossalvamento (ZAS), hoje estão vazias, foram saqueadas e funcionam como pontos de práticas ilícitas e nascedouro de mosquitos que espalham arboviroses letais. 

É nesse território de intenso conflito socioambiental que, nos últimos dois anos, atuamos como Assessoria Técnica Independente. Apoiamos a auto-organização da comunidade, especialmente com o fortalecimento da Comissão de Pessoas Atingidas. Refletimos juntos, por meio das reuniões de núcleos comunitários, sobre os danos e direitos violados, sobre as ferramentas para a busca pela reparação como o Cadastro e a Matriz de Danos. Abordamos ainda as estratégias locais de sobrevivência com o fortalecimento do grupo de mulheres do Canal da Moças, a partilha de saberes daqueles que possuem quintais produtivos, o fortalecimento das potências educomunicacionais dos adolescentes por meio das oficinas de fotografia e a tomada de consciência, de forma lúdica, por parte das crianças que frequentaram a Ciranda Pereirinha. Acolhemos famílias, angústias e sonhos. Promovemos acesso às informações e participação engajada no processo que trata da reparação integral dos danos causados pela barragem da Vale no distrito. 

A partir do processo de participação informada, essa população que é consciente das violações que vivenciam historicamente, está indignada com a morosidade da justiça, que contratou uma entidade técnica multidisciplinar para produzir instrumentos de reparação (Cadastro, Diagnóstico Socioeconômico, Matriz de Danos e Plano de Reparação) que não foram concluídos. O território segue hoje sem a conclusão dos instrumentos de reparação.

Em maio encerram-se os trabalhos do Guaicuy em Antônio Pereira, em obediência a decisão judicial que determinou a improrrogabilidade do prazo de 30 meses previsto no nosso Plano de Trabalho inicial. No entanto, nossa relação com a comunidade existe desde 2020 e segue, apesar do fim do projeto da ATI, porque  é compromisso do Instituto Guaicuy, em seus 25 anos de história, apoiar comunidades ameaçadas pela mineração predatória.

Reparação Integral é direito conquistado e garantido por lei, Assessoria Técnica Independente ao longo do processo de reparação também. Por isso, não nos apequenamos em nosso propósito. Seguimos informando e mobilizando em prol da efetividade dos direitos dessa população tão bonita, tão forte e tão sofrida. Que a luta não seja em vão e que o povo de Antônio Pereira veja, com seus olhos de enxergar belezas, a Justiça sendo feita!

ASSINE O MANIFESTO EM DEFESA DO DIREITO À ASSESSORIA TÉCNICA EM ANTÔNIO PEREIRA

Imagem: Gabriel Nogueira

Este editorial faz parte da newsletter Notícias do Guaicuy, em que divulgamos nossas iniciativas pela justiça socioambiental e as principais notícias dos projetos de Assessoria Técnica Independente em que acompanhamos as pessoas atingidas por mineração. Assine para receber esse conteúdo diretamente no seu e-mail:

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