Nesta terça-feira (21/03), uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados discutiu os impactos dos rompimentos das barragens de mineração na saúde das populações atingidas das bacias do rio Paraopeba e rio Doce.
A audiência abordou os desastres socioambientais ocorridos em Mariana, em 2015; e em Brumadinho, no ano de 2019, causados pelas mineradoras Vale, Samarco e BHP Billiton.
Além de vitimar centenas de pessoas, os rompimentos provocaram inúmeras consequências aos modos de vida, trabalho e renda, e ao meio ambiente. A respeito das populações obrigadas a conviver com os tantos danos dos desastres-crimes, é inegável o constante adoecimento físico e mental, que já foi constatado por vários estudos, dentre eles a Pesquisa Saúde, do Guaicuy.
Para aprofundar o debate, o Instituto Guaicuy foi representado pela especialista em Risco à Saúde Humana, Paula Mota, que expôs a realidade vivenciada pelas pessoas assessoradas pelo Guaicuy, moradoras das regiões 4 (Pompéu e Curvelo) e 5 (entorno da represa de Três Marias e comunidades do São Francisco localizadas nos municípios de Três Marias e São Gonçalo do Abaeté).
Paula destacou a necessidade de ser ampliada a compreensão de que os danos causados às populações não se concentram somente no epicentro dos rompimentos. No caso Brumadinho, por exemplo, são nítidos os impactos em 26 municípios ao longo de 350 quilômetros da bacia do Paraopeba e na região da Represa de Três Marias.
“Além disso, é importante dizer que a saúde vai muito além de contaminação e exposição ambiental, e os Estudos de Risco foram reduzidos no Acordo. Se fazem necessárias políticas de fortalecimento de serviços para que a saúde seja atendida de forma ampla, assim como ela é, complexa. Envolvem, portanto, vários fatores de risco, de alimentação, de acesso a transporte e serviços, não é somente a exposição ambiental”, ressalta.
Estavam também presentes no debate representantes do Ministério da Saúde, do instituto de pesquisas Fiocruz, das Assessorias Técnicas Independentes (Guaicuy, Aedasmg e Nacab), do Movimento dos Atingidos por Barragens (MA), e das comunidades atingidas da bacia do Paraopeba e da região da Represa de Três Marias.
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