Instituto Guaicuy

Boletim informativo da Saúde: alterações na saúde mental após o rompimento

26 de setembro, 2022, por Christiano Amaral

Esta é a segunda edição de uma série de oito boletins elaborados pela equipe de Saúde e Assistência Social (SAS) do Guaicuy com informações sobre saúde para as pessoas atingidas. Entenda neste boletim informativo as alterações na saúde mental que surgiram ou foram agravadas após o rompimento da barragem da Vale.

Diante da seriedade dos impactos causados pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a equipe de Saúde e Assistência Social (SAS) do Instituto Guaicuy elaborou uma série de boletins informativos que têm como ponto central a saúde das pessoas atingidas. 

Com informações a respeito das alterações na saúde que podem acontecer a partir do contato com metais pesados e materiais tóxicos, ou devido a situações de vida profundamente impactadas pelas consequências do rompimento, como a perda de renda e alterações nos modos de vida, o Guaicuy busca fortalecer os espaços de participação ativa e informada das regiões assessoradas: região 4 (Pompéu e Curvelo) e 5 (entorno da represa de Três Marias e comunidades do São Francisco localizadas nos municípios de Três Marias e São Gonçalo do Abaeté). 

Este é, portanto, o segundo boletim lançado pela equipe de Saúde e Assistência Social, e aborda a saúde mental das pessoas atingidas: o bem-estar da população, os impactos do rompimento na rotina e dinâmicas de vida, os sentimentos e sensações surgidos ou aflorados após o rompimento, como tristeza, ansiedade, medo, irritabilidade e/ou insegurança quanto ao futuro. 

Cintya Alvim, da equipe de Saúde e Assistência Social do Instituto Guaicuy, destaca que a saúde mental é um ponto fundamental para a qualidade de vida: “Para se garantir cuidado, atenção e dedicação às ações de autocuidado e no cuidado com os demais, precisamos dar lugar, escuta e tratamento a esse tema. É preciso ampliar a discussão sobre a saúde mental das pessoas atingidas nesse contexto de desastre. O acolhimento psicossocial é ofertado pela equipe da SAS nas regiões 4 e 5 como espaço de escuta qualificada. Trabalhamos o acolhimento aos sofrimentos das pessoas atingidas e buscamos dar lugar e visibilidade às questões singulares, considerando cada história com seus atravessamentos.”

O 2º boletim informativo aborda a saúde mental e explica explica a sua importância, a origem dos transtornos mentais, o que o Guaicuy levantou até o momento junto às pessoas atingidas sobre alterações na saúde mental e suas relações com o rompimento da barragem da Vale, que ocorreu em janeiro de 2019. O material também explica o que a pessoa atingida pode fazer caso identifique sinais de alterações na saúde mental, ou mesmo em momentos de crise, e o papel do Acolhimento Psicossocial da Coordenação de Saúde e Assistência Social do Instituto Guaicuy. 

A importância de momentos e ações específicas dedicados ao tema, como o Setembro Amarelo, é o destaque de Hermano Santos, da Coordenação da SAS, na construção de diálogos que combatam o estigma acerca dos cuidados com a saúde mental: “Em nossa atuação no território atingido, percebemos o quanto que os sentimentos de medo, angústia, desânimo e insegurança, por exemplo, passaram a fazer parte da vida das pessoas. Nesse sentido, é essencial seguirmos com nossas ações, e de forma bem específica, com os acolhimentos psicossociais. Entendemos que contribui para o cotidiano dessas pessoas, para que se fortaleçam e sigam firmes na busca por seus direitos e reconhecimentos, e que a permanência nessa luta seja da forma mais saudável possível.”

Boletim Nº 2 – alterações na saúde mental

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a saúde mental refere-se a um bem-estar no qual o indivíduo desenvolve suas habilidades pessoais, consegue lidar com os estresses da vida, trabalha de forma produtiva e encontra-se apto a dar sua contribuição para a comunidade.

Nos momentos de acolhimento e durante as pesquisas em Saúde, construídos pelo Guaicuy, as pessoas atingidas relatam que após o rompimento da barragem surgiram sentimentos e sensações como tristeza, insônia, choro frequente, ansiedade, medo, irritabilidade, raiva, insegurança quanto ao futuro, crises de ansiedade, perda de projetos de vida e fragilização de laços familiares e comunitários e aumento de uso de medicação psicotrópica, além do aumento no uso de álcool.

Essas alterações, se persistirem, podem levar a um quadro de sofrimento psíquico que vai se agravando ao longo do tempo, caso não seja tratado. Nas comunidades de Pompéu e Curvelo, 50,4% das pessoas entrevistadas se enquadram na categoria de severamente afetado, com chances substanciais de apresentar ou desenvolver sintomas psicopatológicos relacionados ao estresse; na Região 5, esse percentual é de 32,6%.

Confira aqui o boletim nº 2 (sobre alterações na saúde mental) na íntegra!

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!

O que você achou deste conteúdo?

O seu endereço de e-mail não será publicado. Todos os campos são obrigatórios.

Ao comentar você concorda com os termos de uso do site.

Assine nossa newsletter

Quer receber os destaques da atuação do Guaicuy em primeira mão? Assine nosso boletim geral!