Instituto Guaicuy

Brincar é coisa séria

2 de setembro, 2024, por Laura de Las Casas

Há quem diga que as cirandas foram inspiradas nas ondas do mar, num movimento contínuo de cantoria e dança que vai e vem. Parte da cultura popular brasileira, ela está presente na educação infantil, na tradição indígena e em múltiplas manifestações políticas e movimentos sociais. Nos eventos e reuniões organizados pelo Guaicuy com as comunidades atingidas pela Vale, as cirandas são espaços construídos junto às crianças e aos jovens que participam dos encontros, onde cabe todo tipo de brincadeira. “Brincar, pra gente, é coisa muito séria. E além de ser uma forma
de olhar com presença para as crianças atingidas, as cirandas são uma maneira de possibilitar que as mães participem do processo de reparação, lembrando que muitas dessas mulheres vivenciam uma tripla jornada”, explica Nathanne Rosa, assistente social e analista do Guaicuy.

Nathanne é uma das pessoas do Instituto que ajudam a construir as metodologias usadas nas cirandas, sempre pensadas de acordo com o contexto de cada território. Se a reunião é com uma comunidade indígena, por exemplo, é necessário estudar e entender a forma como as crianças e os jovens interagem em suas comunidades, para que as atividades façam sentido para quem participa. “É importante levar os materiais certos, de qualidade, para produzirmos arte. Porque a intenção é que de toda ciranda produza coletivamente algo novo, seja uma carta, um texto, uma música, um objeto… Tudo é feito de forma manual, com material reciclado. Não gostamos de usar brinquedos prontos”, explica.

A assistente social conta como as cirandas possibilitam a criação de um vínculo importante com as crianças atingidas pelo rompimento da barragem da Vale. “Sabemos que muitas delas ficam ansiosas para que chegue logo o dia das reuniões, porque sabem que vão brincar, que vai haver uma troca bonita, que elas serão ouvidas e poderão se abrir conosco. É um laço de confiança construído nesses quatro anos de atuação em campo e, para mim, joga luz em um público muitas vezes invisibilizado nesse processo: a criança que teve sua infância interrompida de tantas maneiras
pelo atravessamento do rejeito em seu rio, em sua família e em sua vida de uma forma geral”, pontua.

Que haja sempre o direito de brincar!

 

Imagem: Hariane Alvex/Instituto Guaicuy

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