Desta vez a culpada é a mineradora MIB, com um irresponsável transbordamento do barramento de sua mina
Pouco mais de dois anos depois do crime da Vale S/A que matou 272 pessoas em Brumadinho, MG, os moradores do bairro Córrego do Feijão voltam a ficar assustados com novo derramamento de lama. Dessa vez ela desce da mina da mineradora MIB desde quarta-feira, 17. Como muitos moradores são empregados na mineradora ou trabalham para suas empreiteiras, ninguém quer falar a respeito, restringindo-se apenas a comentários e fotos nas redes sociais. Eles acreditam que houve um “transbordamento do barramento da mina”.
Como as fortes chuvas persistem na região, nesta quita-feira podia-se notar a invasão da água barrenta na vegetação e até no asfalto da estrada que liga Córrego do Feijão ao distrito de Casa Branca. “Com a poderosa Vale já aconteceram duas tragédias (Mariana e Brumadinho), então a gente fica pensando como será com essa MIB, pequena, sem capital e praticamente amarrada com arame? Não dá dá nem pra dormir direito pensando nisso”, disse um morador que pediu anonimato.
Uma coisa é certa: as águas do Rio Paraopeba – que deságua no São Francisco – já estão mais barrentas em consequência da lama despejada pela mineradora MIB. Ela está sendo levada por alguns ribeirões como o Casa Branca e o Jangada até o Paraopeba, já tremendamente castigado com a lama despejada pelo rompimento da barragem da mina Córrego do Feijão em 25 de janeiro de 2019. E, pior, 400 metros antes de atingir o Paraopeba a lama está caindo na estação Alonda, de tratamento de lama que a Vale instalou, fazendo com que todo o trabalho vá literalmente por água abaixo.
Apesar de a Vale garantir que não vai reativar a mina Córrego do Feijão, que provocou a morte de 272 pessoas, a jazida tem outras duas vizinhas em atividade, as minas MIB (do Grupo Aterpa), Jangada (da Vale) e Itaminas, explorada por Bernardo Paz, dono do Museu Inhotim, instalado também em Brumadinho, na Grande Belo Horizonte. Para piorar, nos pés da Serra do Pico dos Três Irmãos há uma pilha de rejeitos conhecida como Jacó, que pode dar sua contribuição para mais um crime contra a população local.
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