“Dá ar de felicidade ver a produção de cana acontecendo pra virar açúcar mascavo a ser distribuído Minas Gerais afora”. Assim, Onésio Ferreira, atual presidente da Associação de Moradores de Cacimbas e Região, define a sensação de ver o fruto do trabalho dos moradores da pequena comunidade rural onde vivem cerca de 200 pessoas. Cacimbas fica a pouco mais de 40 quilômetros do centro de Morada Nova de Minas, um dos municípios atingidos pelo desastre-crime da Vale.
Em 2006, os habitantes do povoado se uniram para criar a associação em busca do fortalecimento da economia e da cultura locais. “De lá pra cá, passamos por altos e baixos, mas já fizemos muita coisa boa. A cooperativa de cana é uma delas. Deu serviço pra muita gente, conseguimos integrar projetos do governo, fornecer açúcar para escolas municipais”, relembra.
Desde a criação da associação, os sócios e sócias começaram a produzir cana de açúcar em um terreno comum. “Já tivemos mais de 70 sócios, mais de 20 mil hectares de cana cultivados, mas hoje estamos com 4 mil. Temos esse desafio, de manter a demanda e também o maquinário, que é caro, mas seguimos em frente”, afirma Onésio.
Onésio também conta que, além da cana, a associação também conseguiu, ao longo dessas quase duas décadas de atuação, realizar outros projetos. “Já tivemos uma horta comunitária e construímos 12 casas para pessoas que precisavam aqui da região, com recurso vindo de um projeto da Petrobras. A gente vai, aos poucos, fazendo acontecer”, orgulha-se.
Cacimbas é pequenininha, mas, como todo povoado, possui suas referências, como a Escola Municipal Duque de Caxias. Foi lá que a Festa do Carreiro nasceu, por conta de um professor chamado José Eustáquio Marcelino, que resolveu resgatar a cultura dos carros de boi em um desfile feito no pátio da escola.
“Começou com dois carros, e, ano após ano, ia crescendo. Em um momento, o desfile deixou de caber dentro da escola e passou para a praça. Chegou a ter 93 carros de boi e foi ficando grande a ponto de virem pessoas de outras regiões pra ver. A gente já ia para a vigésima Festa do Carreiro, mas veio a pandemia e depois não conseguimos fazer mais”, lamenta Onésio. “Mas eu acredito que o folclore tem força e que logo mais a gente resgata essa festa, que consegue reunir mais de três mil pessoas de uma vez só”, finaliza com esperança.
Matéria originalmente publicada na 9ª edição do Piracema. Clique aqui para ler o jornal.
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