Nos dias 24 e 25 de agosto, foi realizado o 3º Encontro de Comissões da Região 4 (comunidades de Pompéu e Curvelo), no campus do Cefet-MG em Curvelo. Como é costume nas atividades organizadas pelo Guaicuy com as pessoas atingidas, houve espaço de ciranda para as crianças e adolescentes participantes, com atividades lúdicas e educativas supervisionadas. E desta vez, os adolescentes foram convidados para uma nova atividade: uma cobertura colaborativa do evento, junto com a equipe de Comunicação do Guaicuy.
No grupo de jovens, com idades entre 12 e 19 anos, surgem interesses e personalidades tão diversas quanto as comunidades de onde vêm. O Encontro foi a primeira participação “oficial” da maioria dos presentes em atividades de luta pela reparação. “No começo, a gente fica muito tímida, mas vai conversando e se soltando”, diz Maura Nabibia, de 16 anos, acompanhada da irmã gêmea, Mariely Namimia. ambas do Quilombo Saco Barreiro. Na conversa de apresentação, as afinidades já vão aparecendo. As meninas mais velhas do grupo se encontram na paixão pela leitura, e trocam dicas sobre onde encontrar opções de livros gratuitos para download.
Uma delas é Isabela Vitória, de 19 anos. Ela conta que participou de muitas atividades da Comissão São Marcos e Santa Cecília, e chegou a ir até Brasília com a mãe na Jornada de Lutas de novembro de 2023, quando foi aprovada a Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB). Mas, desde que começou o curso Técnico em Enfermagem em Pompéu, não tem sobrado tempo para acompanhar a mãe nas reuniões. Ela e o irmão Rafael Vinicius, de 17, mostram afinidade imediata com as câmeras, e ele revela que já cultiva o interesse pela fotografia, tem até uma conta no Instagram só para as fotos de plantas e paisagens que tira com o celular. Além disso, gosta de jogos on-line e conta que o que mais sentiu falta no fim de semana foi do computador.
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Além da chegada à adolescência, a busca por novas atividades e passatempos também foi motivada pela perda da principal fonte de lazer que todos compartilhavam nas suas diferentes comunidades, o Rio Paraopeba. Nadar e brincar no rio, além de usar a água para as atividades cotidianas das famílias, se tornaram saudades da infância, bem como o acesso e a confiança na água consumida.
Sobre planos para o futuro, Deivid Gabriel, de 13 anos, é quem revela mais ideias diferentes. O jovem morador de Cachoeira do Choro diz que já pensou em estudar Medicina, Artes ou cursos relacionados à tecnologia. Diz que sempre gostou muito de fotografia e também se empolga com o aprendizado sobre o funcionamento das câmeras. O interesse por arte também é compartilhado pela maioria. Muitos citam pintura, música, dança e outros interesses artísticos.
Na experiência de cobertura, o início também é tímido. “Fiquei com medo que me xingassem quando eu passava com a câmera”, diz Maura. Já Gilbert Augusto, de 13 anos, de Novilha Brava, se move com tranquilidade pelo auditório, filmando e fotografando, e chamando também o interesse do irmão menor para a cobertura.
Um dos pontos positivos trazidos no bate-papo de avaliação da atividade foi justamente a criação das novas amizades. Os jovens trocaram contatos para continuarem conversando, e contam que esperam se encontrar novamente nos próximos Encontros. Dessa forma, a atividade cumpriu um papel mobilizador da juventude, ajudando os participantes a construírem seus próprios caminhos para se somarem à luta pela reparação como sujeitos e não mais apenas acompanhantes de suas famílias.
Imagem: Daniela Paoliello/Guaicuy.
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