Instituto Guaicuy

Comissões de Pessoas Atingidas e Colônia de Pescadores se reúnem com a FGV em Abaeté

28 de novembro, 2023, por Wesley Costa

O encontro discutiu a inclusão de pescadoras e pescadores no PTR.

No dia 21 de novembro, Comissões de Pessoas Atingidas e a Colônia de Pescadores de Abaeté se reuniram com a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para discutir a inclusão de pescadoras e pescadores que residem nas sedes dos municípios atingidos no Programa de Transferência de Renda, o PTR. O encontro foi solicitado por meio de ofício enviado pelos próprios pescadores às Instituições de Justiça (IJs) e à FGV. 

A articulação para a reunião representou a força das pessoas atingidas que, organizadas em suas Comissões, caminham de forma autônoma na busca pela reparação dos danos provocados pelo desastre-crime da Vale, que ocorreu em 2019. Participaram da reunião integrantes da Comissão de Pessoas Atingidas da Sede de Abaeté e Patos do Abaeté, da Comissão de Biquinhas e também da Comissão de Pessoas Atingidas de Paineiras e Poções-Atoleiro (CAPPA), além da Colônia de Pescadores Z-25.

As pescadoras e os pescadores pedem que sejam incluídos no PTR com base no local de exercício da atividade pesqueira, enquanto os critérios vigentes atualmente levam em conta apenas o local da residência. A pesca, que é uma importante atividade econômica da região, foi um dos setores mais impactados com o rompimento. A má fama do peixe e a insegurança em relação ao uso das águas da represa trouxeram prejuízos a toda a cadeia pesqueira, incluindo pescadores, vendedores de peixe, tecedores de rede, filetadores de peixes e outra diversidade de profissionais. 

Durante a reunião, as pessoas presentes puderam relatar como é a vida de quem vive da pesca na região e como a atividade foi prejudicada com o desastre-crime. Além disso, as pescadoras e os pescadores tiveram a oportunidade de se manifestar contra a invisibilidade do setor no processo de reparação e contra a dificuldade de acessar o PTR. 

Edileia Aparecia de Oliveira, da Comissão da Sede de Abaeté e Patos do Abaeté, conta que ela e seus irmãos nasceram e cresceram sob uma barraca de lona, na beira das águas, e que existe a dificuldade de comprovação de domicílio porque muitas pessoas que vivem da pesca se movem de acordo com os peixes. “O pescador só vive pescando e acampado. Na mesma hora que nós estamos pescando no Porto São Vicente, nós estamos pescando no Riacho das Areias. Até no Rio Indaiá eu pesco, eu pesco pra todo lado que der na minha cabeça. Se hoje ali na Represa de Três Marias, no Porto São Vicente, não tiver bom de pesca, eu vou para baixo, eu vou lá para a boca do Paraopeba. Eu já acampei muitas vezes na boca do Paraopeba”, relatou. 

Durante a reunião, a Colônia Z-25 apresentou documentos que comprovam as atividades de pesca na região da Represa de Três Marias.

Encaminhamentos

Dentre os encaminhamentos tirados na reunião, destacou-se o compromisso da FGV em organizar e analisar os documentos apresentados pela Colônia Z-25, para fins de comprovação da situação dos pescadores e do local em que exercem suas atividades. Tais documentos serão repassados pela FGV às Instituições de Justiça para organização de um campo técnico, cuja metodologia ainda será construída. 

Foi pontuada, também, a necessidade de o diálogo iniciado junto à Colônia Z-25 se estender às demais colônias que atuam nos municípios atingidos, para garantia de tratamento igual aos pescadores que se encontram na mesma condição. 

Avaliação da reunião 

Edileia Aparecida de Oliveira gostou do encontro e reforçou que a luta não é só pelas pescadoras e pescadores de Abaeté e Patos do Abaeté, mas de todas as regiões que foram atingidas. “A nossa reunião aqui foi muito boa com a FGV e o povo do Guaicuy, representando os pescadores. A [luta é da] área inteira, não tô falando só para nós aqui não, nós todos que vivemos da luta da pesca”, disse. 

Hélio Pimenta, morador de Paineiras, pescador e criador de minhocas, também aprovou o encontro. “A reunião hoje para mim e para a CAPPA foi muito produtiva. Há muito que eu não ouvia o que foi falado pela FGV”, afirmou. 

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