A lama de rejeitos arrastou casas, sonhos e não parou de impactar os territórios desde o dia do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, 25 de janeiro de 2019. Hoje as comunidades ainda sofrem impactos e incertezas inclusive junto a jovens, adolescentes e crianças. Por isso, o Guaicuy está atento aos danos à vida das crianças nos territórios atingidos.
Na segunda-feira passada (20), o Guaicuy bateu um papo animado com crianças da Escola Municipal Pedro Epifânio, na comunidade Lagoa do Meio, município de Felixlândia.
A caça ao tesouro foi a primeira atividade da Jornada com as crianças, e elas já demonstraram animação para as outras duas oficinas. A metodologia abordada na ocasião foi reveladora dos tesouros que as crianças partilham na beira do rio, entre pescar e nadar, a vida ali flui entre as águas.
Sobre a percepção delas a respeito do pós rompimento: “antes a água era azul, clarinha, agora é marrom”. Outras falas também deram conta de afirmar que sentem mau cheiro, menos peixe e até um “sabor de terra no peixe”.
Para Nathane Rosa, Assistente Social no Guaicuy, “A Jornada foi pensada para aproximar grupos vulneráveis e invisibilizados que são as crianças, para tratar de assuntos referentes ao rompimento”.
Já a diretora da Escola, Enólia Leite de Sousa, afirma que a jornada é importante para ampliar os conhecimentos dos estudantes e, consequentemente, o dos pais. “O primeiro dia de atividade foi muito bom, excelente desempenho tanto da equipe quanto dos estudantes. Essa é uma temática muito importante para toda a região”, afirma.
São vários os direitos que foram violados com o crime ambiental e que precisam ser reparados, dentre eles, os das crianças. “As crianças também têm muito o que dizer quando o assunto são os impactos do rompimento da barragem em suas vidas na comunidade”, afirma a Psicóloga da Equipe de Saúde e Assistência Social do Guaicuy, Cintya Alvim Reis.
Toda criança, adolescente ou jovem possui direitos defendidos pela Constituição Federal e em leis como o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990) e o Estatuto da Juventude (Lei 12.852/2013).
Alguns desses direitos são o direito à vida e à saúde, e o direito à cultura, esporte e lazer. Durante a atividade percebemos o quanto a saúde e o brincar estão sob ameaça ou insegurança.
Eles e elas relatam que, desde o rompimento, a água, principal fonte de vida e lazer, está diferente que por vezes até saem dela com manchas na pele. Até beber água mudou: “às vezes temos que ir pegar água na casa de vizinhos”.
Crianças, adolescentes e jovens também têm direito à participação informada no processo de reparação. Segundo Guilherme Peron, da equipe de Campo do Guaicuy, “a participação infanto-juvenil no processo de reparação nos traz outras perspectivas dos danos sofridos pelas comunidades e reafirma a importância da participação informada em suas mais diversas esferas”, conclui.
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Parabéns equipes de campo pelo cuidado e a delicadeza na construção do processo de identificação de danos à crianças e jovens e para que ninguém fique para trás no processo de reparação integral!.