Instituto Guaicuy

Dia Internacional para a Redução dos Desastres Naturais: Como as ações humanas interferem no equilíbrio ambiental

13 de outubro, 2021, por Christiano Amaral

Hoje é Dia Internacional para a Redução dos Desastres Naturais: Desde 1989, o tema é lembrado pela Assembleia das Nações Unidas no dia 13 de outubro, com o objetivo de promover a conscientização global a respeito do risco e da importância da redução de catástrofes. 

Na transição de período seco para os meses de chuva, é importante lembrar como o desmatamento e a impermeabilização urbana influenciam em dois dos grandes problemas ambientais brasileiros: a seca e as enchentes. Embora parecem antagônicos, esses dois desastres naturais têm muita coisa em comum.

Tanto as enchentes e inundações, quanto a crise de abastecimento de água são diretamente relacionadas com ações humanas.   “Quando a gente está falando de água, a gente tem que remeter para uma dimensão de ciclo hidrológico, que pode ser pensado em diferentes escalas, desde uma dinâmica local até uma lógica regional e global”, explica o geógrafo e assessor do Instituto Guaicuy, Rodrigo Lemos. 

Segundo o geógrafo, no ciclo hidrológico acontecem interações contínuas em escalas que podem ser “desde uma pequena mata, por exemplo, até um grande contexto de floresta como pode ser uma dimensão amazônica”. Por isso, quando acontece uma alteração em qualquer variável desse sistema, pode acontecer, também, um impacto em toda a disposição das águas. 

Seca e desmatamento 

Historicamente, a seca é um dos maiores problemas socioambientais em muitas partes do Brasil, principalmente nas regiões semiáridas do nordeste e do chamado sertão mineiro. Fome, sede, pobreza e morte de animais sempre foram associados a ela, mas a seca também  está presente no dia a dia de, até mesmo, quem tem água encanada em casa. 

Foto: © Dan Gold/Unsplash

A diminuição da qualidade do e o aumento de preços da energia elétrica e dos alimentos são algumas das consequências urbanas mais visíveis do problema. Em 2021 a estiagem bateu recordes históricos. No final de setembro, o volume útil da água do Lago de Furnas, um dos maiores indicadores da escassez hídrica em Minas Gerais, caiu para 14,15%. O valor se equipara ao de 2001, ano dos apagões, quando o índice de setembro foi de 12,98%. 

 A falta de água está diretamente ligada ao aumento de desmatamento. Isso, porque a cobertura vegetal cumpre funções ambientais estratégicas que são fundamentais para o ciclo hidrológico. Entre outras coisas, a mata atua na reserva, na transpiração — que é a passagem de água dos organismos para a atmosfera —  e na infiltração da água no solo, que acontece mais lentamente quando existe a presença de raízes e outros materiais orgânicos.  

Quando há supressão da mata essas etapas são afetadas, prejudicando a disposição de água em todo o ciclo. “Se você joga para uma dimensão climática, por exemplo, isso pode alterar como  a quantidade de água se comporta ao longo do  tempo. Em grandes mudanças, como o desmatamento na Amazônia — que tem a supressão de grandes corpos vegetados— altera-se essa dinâmica em grande escala e eu posso ter consequências, também, em grande escala”, compara Lemos.  

A morte de rios urbanos e as grandes enchentes 

Todos os anos, entre dezembro e fevereiro, os jornais estampam manchetes com os desastres naturais que vêm junto com as chuvas. Entretanto, Lemos lembra como essas tragédias também são influenciadas pela canalização e a impermeabilizadas dos solos urbanos. 

Estragos causados durante as fortes chuvas de janeiro de 2020 em Belo Horizonte
Foto: © Guilherme  Dardanhan/ALMG
 

“A cidade impermeável orienta um rápido escoamento das águas, alterando o  ciclo dentro de uma microescala local, comparando com a lógica mais global das secas. O próprio tecido urbano faz com que as águas tenham um tempo de detenção menor e, consequentemente, uma velocidade de escoamento muito maior. Isso faz com que elas se acumulem com muita velocidade nos níveis de base”, aponta o especialista. 

Dia Internacional para a Redução dos Desastres Naturais 

De acordo com as Nações Unidas (UN), sem que medidas sejam tomadas para lidar com as mudanças climáticas, eventos extremos terão proporções críticas. Isso seria especialmente mais grave para países ainda em desenvolvimento. Estes países são atingidos de forma desproporcional em termos de mortalidade, feridos, perdas econômicas e destruição de infraestruturas. 

A edição deste ano terá como tema a cooperação internacional para que estes países possam reduzir seus riscos de perdas causadas por desastres. Dentre os fenômenos que preocupam as nações, estão inclusos: desabamentos, erosões, furacões, alagamentos e inundações. Tratam-se de situações que ocorrem em todo o planeta e que trazem graves prejuízos para a humanidade e para o meio ambiente. 

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