O dia 22 de março foi escolhido pela Organização das Nações Unidas para celebrar o Dia Mundial da Água. A data lembra ao mundo da importância desse recurso precioso, que deve ser cuidado e preservado. O acesso à água potável é um direito essencial de todos e é por entender isso que o Instituto Guaicuy tem a preservação das águas como um de seus pilares fundamentais e trabalha em várias frentes de projetos em defesa da água.
Para o Coordenador Geral do Instituto Guaicuy, Marcus Vinícius Polignano, o Dia Mundial da Água é uma data que convida todos a refletirem. “Para ter água, tem que ter bacia, tem que ter território. Nossas montanhas estão sendo implodidas pela mineração, as cidades impermeabilizadas, temos a falta de tratamento de esgoto levando a contaminação. Tudo isso mostra um cenário muito desfavorável aos rios e às águas de minas. É necessário rever isso, não podemos continuar. É um dia para reflexão de qual futuro a gente quer. Qual cenário queremos, porque isso vai comprometer tanto a nós quanto às gerações futuras. É um dia para se repensar a vida”, destaca Polignano.
Mais do que uma preocupação de uma data, a preservação das águas é o mote que guia a atuação do Guaicuy desde o princípio. O Instituto, que entre outras ações, atua como Assessoria Técnica Independente das pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Vale sobre o rio Paraopeba, carrega consigo o repertório acumulado pelas décadas de trabalho do Projeto Manuelzão (UFMG), que é uma das maiores referências nacionais na luta pela preservação e revitalização dos rios.
“O Manuelzão surgiu depois que começamos a reparar a similaridade de doenças entre uma bacia de uma cidade para outra. Se temos um rio poluído, você tem bacia poluída, porque tudo repercute na água. O destino do peixe anuncia o nosso” resume o Presidente do Instituto Guaicuy José de Castro Procópio.
Para celebrar o dia Mundial da água, relembramos hoje cinco ações e projetos em defesa da água em que o Guaicuy e o Manuelzão estão presentes
O Amigos do rio é uma rede de monitoramento no rio das Velhas que denuncia os desastres ambientais e mudanças na qualidade da água. É formado por apoiadores que observam o rio com frequência e alertam para alterações como modificações na aparência da água e aumento na mortandade de peixes. O Amigos do rio estimulou ações locais a partir da organização das comunidades.
O Instituto Guaicuy acredita na educação ambiental como ferramenta de mudanças socioambientais. Por isso, um dos projetos em defesa da água é o Manuelzão vai à Escola, que tem como base a pedagogia voltada ao desenvolvimento de um compromisso da comunidade escolar com a solução de problemas concretos da bacia hidrográfica em que se encontram. Saúde, cidadania e desenvolvimento sustentável são os focos do projeto, que tem os cursos d’água como eixo de mobilização.
Também com foco na educação ambiental, entre 2006 e 2008 foram desenvolvidos os periódicos Cadernos Manuelzão, com uma série de artigos científicos que discutiam temas relacionados ao trabalho do Manuelzão.
A transformação socioambiental por meio da mobilização social é um dos valores mais importantes para o Instituto Guaicuy. Com isso em mente, em 2005 foram oficializados os Núcleos de trabalho, a partir de estratégias de mobilização que já existiam desde 2001. Os núcleos são fóruns de discussão, elaboração e execução de metas relativas à gestão das águas, à educação ambiental e, também, participam da formulação e avaliação de políticas públicas por bacia hidrográfica. Eles buscam a participação de organizações da sociedade civil, do poder público e da iniciativa privada.
Essa é uma estratégia inovadora de mobilização que hoje também inspira o trabalho do Instituto Guaicuy como Assessoria Técnica Independente na bacia do Paraopeba.
Em 2003, a Expedição Manuelzão Desce o Rio das Velhas se propôs a conhecer a fundo a realidade da bacia hidrográfica do rio das Velhas, vista de dentro da calha do rio. Dessa experiência nasceu a Meta 2010 – navegar, nadar e pescar no Rio das Velhas na Região Metropolitana de Belo Horizonte, em sua área mais degradada.
Seis anos depois, a experiência foi refeita durante a Expedição pelo Velhas 2009. De Ouro Preto a Várzea da Palma, ela integrou rio e comunidade, levando a mensagem sobre os avanços da Meta 2010 e as ações do projeto. As principais conquistas no projeto foram a construção das estações de tratamento (ETEs) dos ribeirões Arrudas e Onça, capazes de remover os poluentes de 60% dos esgotos de Belo Horizonte.
O Instituto Guaicuy é uma das organizações homologadas pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais para compor a Assessoria Técnica Independente às populações atingidas pelo rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão, da Vale,em janeiro de 2019.
Em julho de 2020, o Instituto Guaicuy foi escolhido em assembleia por representantes das comunidades da área 4 (dos municípios de Pompéu e Curvelo) e, em agosto, da área 5 (de Três Marias, Felixlândia, Abaeté, Morada Nova de Minas, Paineiras, Biquinhas e São Gonçalo do Abaeté).
Desde então, Guaicuy trabalha para garantir, de forma multidisciplinar, o direito à informação (inclusive técnica) às pessoas atingidas e assegurar sua participação informada nos processos de reparação integral dos danos decorrentes do desastre causado pela negligência da mineradora. A água também guia o trabalho do Instituto como Assessoria Técnica Independente, tanto na análise da qualidade do rio Paraopeba e do lago de Três Marias, quanto na luta pelo cumprimento do direito da população atingida de receber água própria para o uso e o consumo.
Mais do que a comemoração de uma data, a missão do Guaicuy se desdobra nestes e em tantos outros projetos em defesa da água. Aproveite mais conhecer mais sobre o trabalho do Instituto Guaicuy!
O que você achou deste conteúdo?