Com apoio do Instituto Guaicuy, o fotógrafo Wilson da Costa lança, no dia 15/07, a sua mais recente obra, o livro “Entre Minas“, que retrata a relação entre Minas Gerais e a mineração, e acaba de ganhar espaço no mais potente e charmoso festival da cidade histórica de Ouro Preto (MG)
O livro “Entre Minas”, que conta com a parceria de pessoas atingidas e organizações locais, tem lançamento confirmado na programação do Festival de Inverno de Ouro Preto deste ano. O lançamento será no sábado, dia 15/07, às 16h, no Museu Casa dos Contos, que fica na Rua São José nº 12, Centro. Tanto o Instituto Guaicuy quanto a Cáritas MG, duas assessorias técnicas independentes que atuam ao lado das pessoas atingidas pela mineração em Ouro Preto e Mariana, respectivamente, apoiam a obra.
Ronald Guerra, coordenador-geral da ATI Antônio Pereira e vice-presidente do Instituto Guaicuy, comenta que o livro Entre Minas tem um papel muito importante. “Esse acervo fotográfico retrata a realidade das pessoas atingidas. E o Instituto Guaicuy apoiou e considera que é uma obra fundamental para demonstrar todos os danos e violações que essas comunidades vêm sofrendo pela mineração”, diz.
Wilson da Costa, fotógrafo nascido em Niterói (RJ), possui uma relação de afeto com o estado de Minas Gerais, especialmente com a Região dos Inconfidentes. Desde 2019, ele encampa o projeto que resultou no livro, com fotografias em preto e branco que dão destaque aos impactos da mineração na paisagem e nas vidas das pessoas atingidas. “Em 2015, quando foi o desastre-crime da Barragem de Fundão, em Mariana, eu não pude me ausentar do Rio, mas quando, em 2019, aconteceu novamente o mesmo crime, eu saí de lá com a intenção de fazer algo sobre a mineração, indo um pouco além da cobertura dos crimes. Eu queria lidar com a mineração num campo maior de discussões e reflexões”. Assim surgiu o livro “Entre Minas”, uma narrativa fotográfica que envolve tempos, afetos, reflexões e provocações a respeito do que o autor chama de “relações trágicas entre Minas Gerais e a mineração”.
O Festival de Inverno de Ouro Preto, que teve sua primeira edição em julho de 1967, é sempre um marco na cena artístico-cultural da cidade. Desde 2004 a organização do evento é de responsabilidade da Universidade Federal de Ouro Preto, que este ano traz como tema a provocação “E se”. Com uma programação efervescente e intensa, entre os dias 15 e 30 deste gélido mês de julho, o Festival de Inverno promete aquecer o público e democratizar o acesso à arte e à cultura.
De acordo com a página do evento, o provocante tema “E se” traduz o movimento de reconhecer as possibilidades. “O que poderia ter sido? O que ainda pode ser alterado? O que temos para vivenciar? Um talvez que nos mobiliza para a vivência de momentos transformadores. Uma quebra das formas de pensar e de produzir a partir de outras perspectivas e estéticas, movimento recorrente das manifestações artísticas”.
Nesse sentido, o Festival de Inverno de Ouro Preto é um espaço propício para ampliar o alcance da narrativa do livro “Entre Minas”, que mescla melancolia e resistência em textos e imagens que denunciam a mineração predatória em Minas Gerais.
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