O Instituto Guaicuy participou da III Romaria pela Ecologia Integral a Brumadinho que ocorreu entre os dias 22 e 27 de janeiro de 2022. O objetivo do encontro foi de reforçar a luta das pessoas atingidas em prol da memória, verdade, justiça e reparação integral.
A Romaria foi construída por várias mãos. A atividade foi organizada pela Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (Renser) e pelas pessoas atingidas, com o apoio de instituições como a Cáritas, o Movimento de Atingidos e Atingidas por Barragens (MAB), o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento pela Soberania Popular da Mineração (MAM). As três Assessorias Técnicas Independentes (Guaicuy, Nacab e Aedas) também participaram do evento.
A Romaria contou com diversas atividades para trazer a força da luta das pessoas atingidas. Foram missas, coletiva de imprensa, live, vigília e ato com familiares das vítimas do crime.
De acordo com o Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom Vicente Ferreira, o encontro tem um papel muito importante na luta das pessoas atingidas. “Romaria é para isto: para rezar, para pedir força a Deus, mas é também para denunciar e propor caminhos alternativos”, relata o membro da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Confira a seguir algumas imagens:
O diretor do Instituto Guaicuy e do Projeto Manuelzão, professor Marcus Vinícius Polignano, destacou a importância da mineradora Vale ser devidamente responsabilizada pelo rompimento. “Por que ela tem que assumir a responsabilidade disso? Exatamente para que ela não trate todos os atingidos como beneficiários de suas ações. A Vale não está fazendo um favor, não está fazendo nenhuma gratidão, está fazendo a obrigação. Fazer propaganda enganosa como se fosse tudo aquilo que está sendo feito pelo rio e pelos atingidos é mentiroso, covarde e não atende os anseios dessa população”, afirma o também vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco .
Durante o dia 25 de janeiro de 2022, em que se é lembrado os três anos do rompimento da barragem, várias atividades ocorreram na Romaria.
O dia começou com uma coletiva de imprensa e seguiu com a missa no Santuário Nossa Senhora do Rosário, em Brumadinho.
Após esse momento, diversas pessoas atingidas caminharam rumo ao letreiro em tributo às 272 pessoas mortas pelo crime, onde foi realizada uma bonita e necessária homenagem.
Assista um trecho no vídeo a seguir:
Juliana Cardoso era moradora do Córrego do Feijão, em Brumadinho, até ser obrigada a se mudar em decorrência do rompimento. Ela conta o que o dia 25 de janeiro representa hoje e quais as dúvidas que a desafiam cotidianamente, “um dia de dor, de tristeza, um dia que eu preciso de força pra tirar a lama que continua caindo sobre nós todos os dias. O desafio que ainda fica é o da dúvida: como vai ser amanhã? Será que outra família vai passar pela mesma dor que estamos passando?”, pergunta.
Para Rodrigo Lemos, Gerente de Atividades Finalísticas do Instituto Guaicuy, o dia 25 de janeiro representa hoje a luta por um outro modelo de mineração em uma sociedade que consiga buscar a garantia de justiça para todos. “Uma data a ser lembrada cotidianamente a partir da dor de 272 famílias que perderam seus entes mais próximos. Mais ainda de uma quantidade quase imensurável de pessoas que tiveram seus modos de vidas alterados bruscamente por conta de um crime e irresponsabilidade de uma empresa. O rompimento de barragem se mostrou quase como uma forma da mineração dentro de Minas Gerais. Hoje, o grito e a manifestação é por justiça,” conclui.
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