O condomínio La Poveda está situado no município de Felixlândia, perto da foz do Rio Paraopeba e da represa de Três Marias. A estimativa é de que lá existam cerca de 160 moradias, com aproximadamente 650 habitantes. Manoel Fernandes Leite é aposentado e se mudou para a região em 2008. Desde que chegou no povoado, foi funcionário da fazenda que deu origem ao condomínio e hoje conta um pouco desta história.
A origem da comunidade
Seu Manoel conta que a La Poveda era uma fazenda muito grande, de um espanhol que mudou para a região. Após o falecimento dos donos da fazenda, os filhos foram se desfazendo pouco a pouco do terreno. A partir desse momento, o casal resolveu “chacrear” a propriedade, ou seja, dividir a fazenda em chácaras menores de aproximadamente 35 mil metros quadrados.
Com o passar do tempo, as pessoas que compraram as chácaras grandes foram loteando os terrenos e, assim, a comunidade foi surgindo. Não existe uma tradução oficial para o nome da comunidade, mas acredita-se que La Poveda seria algo como “povoado em meio aos álamos”, que são árvores altas com folhas ovais.
A tranquilidade que foi embora com o rompimento
La Poveda é uma das comunidades da Região 5 que sofre diretamente os impactos negativos decorrentes do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho, em 2019. Seu Manoel lembra que tinha o costume de enfiar a mão na água, que era tão saborosa, e a tomava, mas que hoje já não pode fazer isso. Ele, sua família e sua comunidade perderam esse privilégio.
“Hoje eu vivo todo contrariado aqui, todo contrariado. Não só eu, como minha família. Nós trabalhamos aqui e desde 2008 eu moro aqui. Naquela época, eu tinha regalia, passei um grande período criando a minha família dentro da La Poveda e hoje eu não tenho mais esse conforto porque eu não deixo eles comerem um peixe, eu não deixo eles tomarem um banho no Rio, porque tem poluição, né? Então é um transtorno o que essa Vale nos causou, não só pra mim, mas pra população, porque nós somos muitas pessoas aqui na região”, afirma.
São vários os danos verificados e relatados desde o rompimento, como prejuízos à saúde física e mental, incerteza sobre a qualidade da água do Rio Paraopeba e da represa de Três Marias, insegurança sobre consumo do pescado e a diminuição de turismo.
“Não tem nenhum dinheiro da Vale que pague esse sofrimento que nós estamos passando. E ela vem tapeando, enrola aqui, enrola ali e nada está sendo feito. Nada, nada”, conclui.
Matéria originalmente publicada na 9ª edição do Piracema. Clique aqui para ler o jornal.
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