O Instituto Guaicuy realizou, junto às pessoas atingidas das Regiões 4 e 5, três Encontros de Comissões entre o final do mês de maio e a metade do mês de junho. No total, participaram mais de 160 pessoas atingidas, de mais de 100 comunidades diferentes, representando cerca de 35 Comissões.
O primeiro, da Região 5 Oeste, foi realizado em Abaeté, no dia 27 de maio. O segundo, da Região 4, aconteceu em Pompéu no dia 3 de junho. O último, da Região 5 Leste, teve lugar em Felixlândia no dia 17 de junho.
Por conta do tamanho do território, o Instituto Guaicuy organiza seu trabalho na Região 5 por meio de duas sedes regionais distintas, uma na margem leste da Represa de Três Marias e uma na margem oeste. A Região 5 Leste comporta os municípios de Felixlândia, São Gonçalo do Abaeté e Três Marias. Já a Região 5 Oeste, os municípios de Abaeté, Biquinhas, Martinho Campos, Morada Nova de Minas e Paineiras.
Leia a matéria do Encontro da Região 5 Oeste aqui.
Leia a matéria do Encontro da Região 4 aqui.
Leia a matéria do Encontro da Região 5 Leste aqui.
Carla Wstane, diretora do Instituto Guaicuy, considerou que foram muito positivos os Encontros. “Organizar Encontros como esses é muito importante para a busca da reparação integral pelas pessoas atingidas, já que esses eventos proporcionam a interação entre pessoas de comunidades e realidades distintas, mas que trazem, em comum, os danos causados pela mineração”, disse.
“Consideramos que os encontros foram um grande sucesso. E sentimos que, ao longo dessa construção, houve integração, interação e reconhecimento entre as pessoas atingidas das Regiões 4 e 5, que saíram dos encontros mais bem preparadas e motivadas para seguir representando suas comunidades nessa luta tão árdua, difícil e demorada para que seus direitos sejam cumpridos e para que a justiça seja feita”, completou a diretora do Guaicuy.
Nos três Encontros de Comissões, houve espaços para reunião de cada uma das Comissões presentes. As pessoas debateram para definir um lema a ser utilizado durante os Encontros. Ou seja, o que a Comissão defende, como ela se coloca, qual é sua identidade. As Comissões produziram cartazes com seus lemas e os apresentaram a todas as pessoas presentes no Encontro. O objetivo do espaço foi aumentar a integração entre as pessoas.
Em seguida, os três coordenadores regionais do Guaicuy tiveram um espaço para aprofundar os debates com as pessoas atingidas sobre o que são as Comissões e qual a importância da organização das pessoas atingidas nesses espaços.
Durante os três Encontros, as pessoas atingidas também tiveram espaço para debater o Sistema de Participação. As deliberações de cada um dos grupos estão sendo sistematizadas e analisadas pelo Instituto Guaicuy que, ao longo das próximas semanas, apresentará uma sistematização às Comissões e referências comunitárias.
Pedro Aguiar, especialista do Instituto Guaicuy em Participação Informada e Povos e Comunidades Tradicionais, explica que, durante os Encontros, as pessoas atingidas tiveram a oportunidade de debater e propor formas de organização desse Sistema. Discutir quais incidências sociais, técnicas e políticas que essa organização se propõe a fazer e a ter.
“Por exemplo, foi debatido como as pessoas atingidas imaginam qual seria o formato e a estrutura mínima necessária para que as diversas comunidades e regiões atingidas ao longo da Bacia e territórios se alinhem e atuem de maneira propositiva ao longo do processo de reparação”, comentou.
“Agora, terminados os 3 encontros, o Guaicuy vai sentar, analisar e sistematizar todos os debates e propostas levantados em Abaeté, em Pompéu e em Felixlândia. Avançar no processo de organização é algo que ocorre em etapas, e é algo essencial para garantir com que as pessoas atingidas sejam ouvidas, respeitadas e se tornem cada vez mais protagonistas de suas lutas e de sua história”, concluiu Pedro Aguiar.
Durante todos os Encontros, as crianças presentes foram acompanhadas pelos técnicos do Guaicuy e puderam realizar atividades educativas e socializar com outras crianças enquanto suas mães, seus pais e responsáveis estavam na plenária.
Esses espaços para as crianças são as chamadas Cirandas, que têm como objetivo fazer a sensibilização do tema da reparação através da educação ambiental voltada para a qualidade da água, além de possibilitar um espaço recreativo e cuidadoso para brincadeiras, contação de histórias ou outra atividade lúdica.
Delícia Dias do Couto, da Comissão de Morada de Nova de Minas, falou sobre o espaço. “A Ciranda é muito importante para nós, pais e mães, porque a gente pode confiar neles como se fosse a gente mesmo. Eles vão estar com os filhos da gente, pra gente assistir a reunião com a cabeça mais aliviada, sabendo que nossos filhos estão em boas mãos”, disse. Sua filha, Letícia, brincou com bola, peteca, desenhou e ainda apresentou, ao final do Encontro realizado em Abaeté, junto às demais crianças, sua visão e entendimento do território e sua esperança de reparação.
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