Em 1997, um grupo de professores da Faculdade de Medicina da UFMG passou a lutar para que os profissionais da saúde buscassem tratar, também, das causas das doenças, ao invés de apenas medicarem a população. Assim, nasceu o Projeto Manuelzão, com a missão de lutar por melhorias nas condições socioambientais para promover qualidade de vida e romper com a prática predominantemente assistencialista.
O trabalho surgiu a partir das atividades do Internato em Saúde Coletiva (“Internato Rural”), disciplina obrigatória da grade curricular do curso de Medicina em que os estudantes passam três meses em municípios do interior de Minas Gerais desenvolvendo atividades de medicina preventiva e social. No campo, professores e estudantes perceberam que boa parte das doenças era causada, ou agravada, por questões ambientais, como o consumo de água não tratada.
Como forma de superar uma percepção municipalista e alcançar um entendimento mais amplo da ecologia, o grupo elegeu a Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas como foco de atuação. A lógica das bacias hidrográficas permite uma análise sistêmica e integrada dos problemas e das necessidades de intervenções.
Para desenvolver a metodologia de trabalho, foi necessário construir parcerias com os municípios da bacia e com o governo do estado, dentre outros. Mas, mais do que isso, foi fundamental a inclusão e participação ativa da sociedade. Essa parceria cresceu – e ainda cresce – sobretudo no âmbito dos Núcleos Manuelzão (anteriormente chamados Comitês Manuelzão). Esses Núcleos contam com a participação da sociedade civil e, também, de representantes do poder público e de usuários de água. O objetivo é discutir e promover atividades relacionadas a questões ambientais locais, podendo contar com a parceria e orientação do Projeto Manuelzão.
Em 2003, durante a Expedição Manuelzão desce o Rio das Velhas, ativistas do projeto percorreram os 804 Km do Velhas, da nascente em Ouro Preto à foz, em Barra do Guaicuí, em 29 dias. Em cada parada, a Expedição foi recebida pelas comunidades, escolas e membros dos Núcleos Manuelzão. A descida do Rio resultou na publicação do livro “Navegando o Rio das Velhas das Minas aos Gerais”, que apresenta, no primeiro volume, o diário de bordo da expedição, e, no segundo volume, uma enciclopédia sobre a bacia hidrográfica.
Meta 2010 da expedição, nasceu a proposta de revitalizar o Rio das Velhas até o ano de 2010, a Meta 2010: navegar, pescar e nadar no rio das Velhas em sua passagem pela região metropolitana de Belo Horizonte é, hoje, projeto estruturador do Governo do Estado de Minas Gerais. Em agosto de 2010, representantes do Manuelzão e do Poder Público se reuniram em Santo Hipólito, para nadar nas águas do Velha e celebrar a conquista de cerca de 60% dos objetivos esperados.
Dentre as metas alcançadas, a mais simbólica foi o retorno do peixe para diversos trechos do Velhas. Espécies que subiam cerca de 200 km na bacia em 2000,foram identificadas ao longo de 580 km do rio em 2010, chegando bem próximo às áreas consideradas mais degradadas na Região Metropolitana de Belo Horizonte
No evento, o Manuelzão reafirmou sua missão com a revitalização da Bacia do Velhas e com a luta pela saúde por meio da prevenção e do cuidado com o meio ambiente.
Em 2005, o Projeto Manuelzão inaugurou uma nova agenda: a cultural. Em novembro daquele ano foi realizado, em Morro da Garça, o Festivelhas Manuelzão: arte e transformação, que contou com a participação de artistas vindos de várias regiões da Bacia. O sucesso do Festivelhas repetiu-se em setembro de 2007, com a realização do Festivelhas Jequitibá: arte e cultura na capital mineira do folclore.
Em 2009, o Festivelhas assumiu proporções maiores, tendo sido realizado em maio e junho em Ouro Preto, Santa Luzia, Curvelo, Barra do Guaicuí e Belo Horizonte como parte da programação da Expedição pelo Velhas 2009: encontros de um povo com sua bacia.
Realização de diversas atividades em prol da conservação das dezenas de nascentes do bairro itabiritense de Água Limpa, por meio de ações de educação ambiental aplicadas à comunidade.
O projeto é voltado para a capacitação de moradores de comunidades em vulnerabilidade hídrica para construírem cisternas. Além disso, incentiva o engajamento social desses habitantes e a autonomia e emancipação das comunidades.
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