A Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (Cimos) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) visitou os territórios atingidos pela mineradora Vale no Baixo Paraopeba e do entorno da represa de Três Marias. O objetivo das visitas foi realizar uma escuta das pessoas sobre o processo de reparação. O encontro também teve a participação de representantes da Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pela gestão do Programa de Transferência de Renda (PTR) e de outras áreas do MPMG, com representantes da Promotoria de Saúde, da Ouvidoria e da área de estudos técnicos da instituição.
As visitas aconteceram na segunda (9) nas comunidades de Fazendinhas Baú, em Pompéu (Região 4), e Frei Orlando em Morada Nova de Minas (Região 5). Já na terça (10), o grupo compareceu à comunidade de Paraíso, localizada no município de Felixlândia (Região 5).
Entre outras atribuições, a Cimos é responsável, dentro do MPMG, pelas repercussões sociais e econômicas decorrentes de desastres ambientais. Desde que a visita foi marcada, o Instituto Guaicuy, que cuida da Assessoria Técnica Independente (ATI) das pessoas atingidas pela Vale nas Regiões 4 e 5, trabalhou para que representantes de todas as 46 Comissões de Pessoas Atingidas participassem do roteiro. “O objetivo era possibilitar um momento em que elas fossem ouvidas, pudessem levar os problemas concretos que vivem”, explica Paula Oliveira, assessora-chefe de relacionamento institucional do Instituto Guaicuy.
Durante o encontro, moradores e moradoras das comunidades prejudicadas pela mineradora falaram sobre os problemas mais urgentes vivenciados nos territórios. Em relatos emocionados,, foram citadas questões como a falta de acesso à água para consumo humano, cultivo e criação de animais, a saúde mental das pessoas envolvidas no processo de reparação, assim como outros problemas de saúde, e a dificuldade de serem atendidas com um olhar sistêmico para quem tem vivido as dores e os danos do crime ambiental.
Sávio Alves de Paula, integrante da Comissão de Pessoas Atingidas de Fazendinhas Baú e Recanto do Piau, foi um dos que relatou situações vivenciadas pela população atingida na zona rural de Pompéu. “Falamos da péssima qualidade da nossa água. Nós estamos a 30 metro do poço, mas a Vale fala que estamos a cem metros. Falamos sobre o péssimo serviço que eles (a Vale) colocaram aqui na comunidade, que é o filtro. O MP ficou de nos dar resposta. Quem colocou? Por que que colocou? Quando foi colocou? Quem autorizou, né?”, relatou.
Também foram muito debatidas as dúvidas sobre a possível contaminação dos peixes pelo rejeito tóxico da mineração, o impacto econômico na vida das pessoas que trabalham em toda a cadeia da pesca e do turismo e os problemas de acesso ao PTR.
Ymara Maria Gil, da Comissão Formosa, que representa as comunidades de Forquilha do Cabral e Morrinhos, foi até Paraíso participar da atividade. Segundo ela, a visita da Cimos e da FGV foi essencial para que as dificuldades de acesso aos territórios fossem vistas e sentidas. “Isso tudo é importante para que saibam que, além de todos os danos que a Vale nos causou, ainda é difícil pra gente, em questão de logística, participar do processo de reparação. É difícil comparecer às reuniões, formar as Comissões. Ainda acho que poderia ter sido mais tempo. Temos muita coisa pra falar. Eles têm muita coisa para ouvir”, disse.
A promotora de Justiça Shirley Machado, da Cimos, considerou a visita um passo importante para avaliar quais públicos estão precisando de uma atenção especial do Ministério Público. “A gente sabe que há outras instituições que também acompanham o Acordo, a gente se dispõe a dialogar com elas a partir do que a gente vê em campo. Viemos ter uma visão mais ampla das questões”. A promotora recebeu diversas cartas das pessoas atingidas em todas as reuniões, com as principais reivindicações e se comprometeu a dar uma resposta o mais rápido possível sobre os pontos levantados pelos representantes das Comissões. “Existem muitas questões que são estruturais, ligadas a políticas públicas dos municípios, mas a gente afirma nosso compromisso aqui de estar junto com as comunidades e buscar de forma transparente e organizada a reparação”, explicou a promotora.
Também presentes nos encontros, Marcela Borges e Marcela Jannuzzi, da FGV, se propuseram a ouvir os problemas enfrentados pelas pessoas atingidas pela Vale no cadastro do PTR. O momento foi usado para responder dúvidas e para fazer registros das demandas individuais, principalmente relacionadas a dificuldades com documentação. Houve a indicação de que a FGV terá calendário fixo de atendimento nas comunidades e agendará visitas direcionadas para ajudar na construção de possíveis alternativas para a comprovação documental.
Moradora de Abaeté, Renata Pimenta é uma das pessoas que luta para receber o pagamento mensal. Ela esteve presente na visita e avaliou o momento como um momento de reativar a esperança. “Às vezes a esperança até morre. Já deixei de participar de várias reuniões por não acreditar mais, por ter que comprovar algo para receber algo que eu sei que tenho direito. A gente queria estar pescando e vendendo o nosso peixe como vendia antes. Tem esperança? Tem. É demorado? É. Mas, pelo que a menina da FGV falou, já está em andamento uma mudança de papel pra incluir a gente”, resumiu. Já pra para Willian Martins da Silva, que vive no Recanto do Piau, e faz parte da Comissão de Pessoas Atingidas de Fazendinhas Baú e Recanto Piau, a presença da FGV não trouxe tantos retornos. “Não senti que a FGV trouxe pra gente respostas concretas, Se esquivaram e deixaram mais uma incógnita no ar”.
Muito bom ,o MP, realmente está preocupado e empenhado com agente os atingidos , tanto é que saiu de sua zona de conforto e veio ver de perto a situação.Obrigado.
Em contra partida a FGV está deixando muito a desejar , ao invés de ajudar ,está dificultando para o recebimento do PTR, está difícil de entender como ela trabalha,no meu caso ,meu marido foi aprovado eu e meu filho estamos com pendências, moramos na mesma casa e somos casados a31 anos, não consigo entender o método de analice deles.
Achei interessante porém não se falou sobre isso em tres marias onde na verdade recebemos a maior parte de resíduos da Vale brumadinho é o pior a coisa coloca está água represada para que bebamos tomamos banho cozinhemos é se lasquemo né
Vcs não vai nós reparar não?
Três Marias não foi atingida!! Não ficamos sem água para consumo, não perdemos casas, terrenos e nem FAMILIARES. Estão pegando um gancho, porque a barragem de Três Marias, está aqui. Pura politicagem. E três Marias, já recebeu 41, ou 42 milhões de Reais que está nas mãos da prefeitura.