Entre os meses de junho de 2021 e fevereiro de 2022, o Guaicuy, em parceria com o Instituto Olhar, realizou uma pesquisa sobre os danos e agravos na saúde da população atingida, nas regiões 4 e 5.
Foram realizadas análises dos bancos de dados oficiais de saúde e entrevistas com pessoas atingidas, gestores e profissionais de saúde nos municípios de Curvelo e Pompéu, Abaeté, Biquinhas, Felixlândia, Martinho Campos, Morada Nova de Minas, Paineiras, São Gonçalo do Abaeté e Três Marias.
A equipe de Saúde observou impactos e danos relacionados ao rompimento da barragem da Vale nas regiões analisadas em diversas dimensões da saúde. Dentre os impactos estão danos à saúde física e mental, bem como aumento de demandas para os serviços de saúde locais.
Foram observados outros impactos relacionados ao rompimento que repercutem na saúde, tais como no trabalho e renda, na segurança alimentar e nutricional das pessoas atingidas, assim como surgimento de conflitos familiares e comunitários, e situações de estigma e discriminação.
Os resultados dessa pesquisa serão utilizados na construção da matriz de danos, que é um instrumento de luta pelas indenizações individuais, mas também servirão para outras formas de reparação, podendo auxiliar na elaboração dos projetos do anexo 1.1 (Projetos de Demandas das Comunidades) e 1.3 (Projetos de Reparação para a Bacia do Paraopeba) do acordo entre a Vale e o Poder Público.
Os resultados podem ser usados no planejamento dos serviços públicos de saúde. Além disso, a pesquisa oferece dados confiáveis que podem auxiliar na base para estudos futuros. Pensar a reparação no tocante à saúde exige ter uma noção detalhada sobre os impactos relacionados ao rompimento neste quesito.
Após a etapa de pesquisa, a Equipe de Saúde e Assistência Social (SAS) do Guaicuy fará visitas às prefeituras dos municípios pesquisados, além de devolutivas com as comunidades atingidas. As reuniões para apresentar os resultados dos impactos relacionados ao rompimento para as prefeituras e Secretarias de Saúde devem acontecer entre os dias 10 e 19 de maio.
Estes encontros devem apresentar informações sobre a situação de saúde, as demandas aos serviços públicos de saúde, assim como possíveis dificuldades no acesso, podendo sensibilizar os gestores sobre a necessidade de uma melhora dos serviços. Além disso, devem contribuir com informações para a construção dos projetos do Anexo 1.3.
Ainda no mês de maio, os técnicos e técnicas do Guaicuy devem visitar as comunidades atingidas para informar e discutir sobre os resultados dos estudos que se voltaram aos impactos relacionados ao rompimento.
*Pompéu e Curvelo
Prejuízo aos laços culturais e à noção de pertencimento pelo afastamento de parentes e amigos que vinham até a região para compartilhar descanso e lazer.
Aumento dos casos de violência, especialmente nas residências, violências interpessoal e autoprovocada, e das situações de estigma e discriminação dos produtos comercializados, principalmente com relação aos peixes. Além disso, o não cumprimento das medidas emergenciais por parte da Vale S.A. causa problemas como:
A contaminação da água impossibilita a continuidade de atividades como comércio de produtos da pesca, plantio, produções caseiras, criação e abatedouro de animais.
Alterações nos hábitos alimentares, com modificações na quantidade e qualidade dos alimentos consumidos e aumento nas despesas com a alimentação devido a falta do pescado e prejuízos nas plantações.
De acordo com as bases de dados oficiais dos sistemas públicos houve aumento das despesas em saúde por habitante, total e/ou receita própria, em ambos os municípios.
Além disso, a gestão municipal de Pompéu relatou sobrecarga dos serviços de saúde pós-desastre e aumento na demanda por documentos. Os dois municípios da área 4 não tiveram suporte externo.
Após o rompimento da barragem, em Pompéu e Curvelo observou-se nos dados secundários das bases oficiais dos serviços públicos, aumento de:
Além disso, também foram identificados aumentos de:
A população atingida e profissionais de saúde relataram surtos de diarreia; surgimento e agravamento de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes; surgimento de problemas dermatológicos (na pele) e respiratórios.
*Abaeté, Biquinhas, Felixlândia, Martinho Campos, Morada Nova de Minas, Paineiras, São Gonçalo do Abaeté e Três Marias.
Enfraquecimento dos vínculos familiares e comunitários, vulnerabilidade e perda dos laços e identidades culturais.
As principais atividades de trabalho e renda foram afetadas, como pesca, comercialização de produtos naturais e turismo. Diminuição da qualidade, quantidade e na venda dos pescados, dentre outros.
Aumento de gastos com alimentação e insegurança em relação a contaminação do rio/represa; interrupção/diminuição da ingestão de peixe, incluindo desnutrição infantil, dentre outros.
Gestores e profissionais de saúde relatam: necessidade de ampliação da estrutura de saúde e/ou contratação de profissionais como médicos dermatologistas e psicólogos, aumento na demanda por documentos, exames e medicamentos em alguns municípios, entre outros.
O surgimento de alterações dermatológicas foi relatado pela população atingida, gestores e profissionais de saúde, além de indicado pelos dados secundários (aumento do atendimento de Dermatologista a residentes de Três Marias, Felixlândia, Abaeté, Biquinhas, Martinho Campos e Morada Nova de Minas).
Aumento nos casos de:
Relatos de surtos de diarreia, surgimento ou agravamento de doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão, diabetes e doença renal.
Implicações para a reparação integral
Diante dos resultados apresentados ao longo do estudo, percebe-se uma série de questões que ferem a dignidade humana e o direito à vida. Estes podem servir como elementos no processo de reparação integral.
Os resultados da pesquisa estão divididos em relatórios parciais com dados secundários e entrevistas, além disso, há ainda o relatório final técnico, que pode ser solicitado à Coordenação de Saúde e Assistência Social do Instituto Guaicuy.
É responsabilidade da VALE S.A reparar os danos do rompimento, permitindo que as pessoas ressignifiquem suas dores e reconstruam a vida familiar e comunitária.
Ficou com alguma dúvida? Procure a equipe de Saúde e Assistência Social (SAS) da sua regional.
Veja os contatos da equipe de acolhimento a seguir:
Pompéu e Curvelo:
Giovanna – (31) 99872-7383
Hermano – (31) 97137-0046
Natana – (31) 97144-0194
Felixlândia:
Cintya – (31) 99810-5828
Geisiane – (31) 99671-1152
Nathanne – (31) 99611-4106
Três Marias e São Gonçalo do Abaeté:
Juliana – (31) 99553-4976
Nycole – (31) 99668-6693
Raquel – (31) 99558-1990
Morada Nova de Minas (e região):
Hernane – (31) 99926-8387
Lorenza – (31) 97171-5125
Gabriela – (31) 97137-0999
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