Localizados na zona rural de Pompéu, os Projetos de Assentamento (PAs) Queima Fogo e Chácara Chórius foram fundados no loteamento de grandes fazendas, destinadas à reforma agrária nas décadas de 1990 e 2000. Juntas, as duas comunidades concentram aproximadamente 90 residências e cerca de 400 pessoas. A ocupação da terra e a reivindicação da reforma agrária ocorreram após denúncias de que as fazendas eram improdutivas e de que alguns sócios poderiam estar envolvidos em questões de corrupção. As famílias assentadas logo se depararam com a dificuldade de acesso à água, apesar da proximidade da margem do Rio Paraopeba. Após o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a situação piorou. A população perdeu a possibilidade de usar a água do Rio, e muitas pessoas perderam suas criações e hortas, além do lazer. A mineradora tomou responsabilidade pela conclusão das obras de encanamento a partir dos poços artesianos, mas além da demora para a conclusão do projeto, que ainda não foi entregue, os custos com energia elétrica preocupam a população, como conta Erliete Rocha, da Comissão Assentamentos.
Moradora do PA Queima Fogo, Erliete chegou à comunidade em 2007, com o marido e os cinco filhos. Primeiro habitaram uma área coletiva, até o sorteio dos lotes entre as famílias. Hoje, moram na casa que construíram, mas quatro dos cinco filhos foram embora depois do rompimento, atrás de trabalho nas cidades próximas. Ela conta que cada etapa da vida no assentamento é uma luta, mas que “todo mundo está aqui por um sonho, de ter uma vidinha tranquila na roça”, diz. Dada a proximidade geográfica e pelo histórico de lutas, os PAs Chácara Chórius e o Queima Fogo são representados pela Comissão Assentamentos no processo de reparação dos danos causados pelo desastre-crime da Vale. A Comissão é composta por membros eleitos das duas comunidades.
Esse texto foi publicado na 14ª edição do Piracema. Clique aqui para ler e baixar a revista.
Imagem: Daniela Paoliello/Guaicuy.
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