A equipe do Guaicuy esteve em Frei Orlando, em Morada Nova de Minas, no último dia 14 para conversar com a comunidade sobre a importância de discutir o plano de recuperação socioambiental, previsto no acordo judicial assinado em decorrência do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. O trabalho na comunidade teve como objetivo principal mobilizar as pessoas para a Oficina do Plano de Reparação Socioambiental, que aconteceu em 16 de julho, de forma presencial, na escola Municipal Waldemar Álvares de Souza.
A equipe multidisciplinar contou com profissionais da saúde e assistência social, meio ambiente e direitos das pessoas atingidas, além dos mobilizadores e equipe de comunicação da Assessoria Técnica Independente (ATI). Foram visitadas 08 famílias, incluindo os pescadores da comunidade de Larjinha.
Nas visitas porta a porta, os mobilizadores apresentaram um panorama geral do acordo, destacando em que ponto do processo estamos agora. Foram mencionadas ainda as reuniões do núcleo que acontecem na escola e cuja participação das pessoas é fundamental para que estejam informadas sobre o processo de reparação.
Hernane Souto, da equipe de Saúde e Assistência Social do Guaicuy, avalia que “a partir desse trabalho de importante aglutinação multidisciplinar, temos resultados satisfatórios que promoveram vinculação entre a população participante e equipe do Guaicuy, iniciando uma nova caminhada e fortalecendo os laços de luta entre a ATI e a comunidade de Frei Orlando, que nos mantém na intenção de uma reparação integral, justa e com participação da população atingida.”
Na ocasião, as pessoas atingidas puderam dialogar e tirar dúvidas sobre os mais variados assuntos como: saúde das pessoas atingidas; o acolhimento realizado pelo Guaicuy; a ida da Fundação Getúlio Vargas (FGV) em Frei Orlando, prevista para o dia 30 de julho, para análise dos documentos do Programa de Transferência de Renda (PTR); o Anexo 1.3 – Projetos para a Bacia do Paraopeba e sobre a importância de conversarem sobre o plano de recuperação socioambiental.
Flávia Aparecida de Souza e o marido Rubinho, ambos pescadores em Frei Orlando, receberam a equipe do Guaicuy em casa. Ao serem informados sobre o plano de recuperação socioambiental e sua importância, eles contaram que a venda do peixe caiu e que antigamente, antes do rompimento da barragem da Vale, tinha peixeiro que esperava eles voltarem da pesca para comprar o produto na porta de casa ou mesmo no barranco da represa, e que hoje em dia não tem mais. Eles têm que sair correndo atrás pra vender o pescado, às vezes não conseguem e os freezers ficam cheios de peixe.
Flávia comenta: “tudo nosso aqui é tirado do peixe, da represa. Aqui realmente ‘nós vive’ da pesca. Não é igual a muitos que falam que são pescadores mas não pescam. Tem gente que tem outra fonte de renda. Aqui não. Nós aqui é do cascado, da pesca. Sapato, remédio, roupa, alimentação, tudo é tirado da profissão da pesca, nós não fazemos outra coisa e, do jeito que vai, vamos ter que largar o ofício, porque não tá dando mais.”
Maycon, pescador em Larjinha, falou sobre a dificuldade em conseguir sua carteira profissional de pescador, que há anos tenta tirar e não consegue, mesmo sendo filho e neto de pescadores e alimentando seu canal de pesca no Youtube, chamado Pescador Primitivo. Maycon tenta sobreviver da pesca de forma diferente dos pescadores que vendem o peixe: ele espera conseguir uma renda a partir dos vídeos que registra em suas pescarias na represa, e assim garantir a continuidade do ofício de pescador.
Jéssica Poliane Gomes dos Santos, da equipe de mobilização do Instituto Guaicuy, salienta que “cada vez mais a participação da comunidade vai ser essencial nesses espaços, porque cada informação passada é a garantia de todos os direitos que envolvem o processo, inclusive a luta para a região 5 ser incluída no plano de recuperação socioambiental”.
Confira mais fotos da ação do Guaicuy em Frei Orlando:
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