O GEPSA é a entidade escolhida pela juíza responsável pelo processo para atuar como perito da justiça.
Na quinta-feira (23), mais de 200 pessoas atingidas pelo descomissionamento da barragem Doutor, da mineradora Vale, participaram de reunião com Guaicuy e GEPSA, o Grupo de Estudos e Pesquisas Socioambientais da UFOP, em Antônio Pereira. O objetivo do encontro foi apresentar o GEPSA e as atividades que o grupo, escolhido como perito pela juíza do caso, irá desenvolver na comunidade que sofre com os impactos da mineração predatória no território.
Durante a reunião, pessoas atingidas se manifestaram: “queremos o início dos trabalhos o mais rápido possível!” “Antônio Pereira está pedindo socorro!”. Entre os presentes estavam representantes das garimpeiras e garimpeiros, moradores e moradoras, os presidentes das associações de moradores e movimentos sociais.
Ronald Guerra, coordenador geral da Assessoria Técnica Independente (ATI) de Antônio Pereira e vice-presidente do Instituto Guaicuy, falou sobre a luta que vem sendo travada há dois anos pela população e do processo de escolha da ATI pelas pessoas atingidas da comunidade. “Estamos falando de conflitos da mineração no território que não é recente e cuja maioria dos impactos é negativo. Muito do que é minerado aqui não fica no território. A ATI veio para assessorar as pessoas atingidas, promover a participação informada e conhecimento técnico para a comunidade. Vamos trabalhar muito com mobilização, constituição de núcleos e fortalecimento da luta em função de todas essas violações que essas pessoas vêm sofrendo”.
No encontro, a população falou sobre suas dúvidas e contou sobre a situação do distrito.
Diante das perdas de renda e do lazer da comunidade, o Sr. Wilson Nunes relata sua preocupação com o empobrecimento da comunidade e a falta de perspectiva de futuro da juventude local: “a Vale acabou com as cachoeiras, com o campo de futebol, estamos com uma juventude que não tem para onde ir.” Ele, que também é garimpeiro tradicional impedido de trabalhar no rio em função do descomissionamento da barragem, exige que a Vale pague auxílio financeiro emergencial para todas as famílias da comunidade.
Dona Ivone Pereira Zacarias, garimpeira tradicional, lembra que toda a comunidade é atingida, que estão todos doentes em função do descomissionamento e precisam de celeridade no processo: “Antônio Pereira não tem uma pessoa que não tenha problemas de saúde, acabou a nossa vida, virou um inferno. Todo mundo tá doente, eu tô doente, todo mundo tá com depressão, ninguém tá tranquilo nesse lugar mais.”
O GEPSA, por meio de suas coordenadoras Tatiana Ribeiro de Souza e Karine Gonçalves Carneiro, apresentou à população sua experiência com populações atingidas por barragens e o trabalho que será desenvolvido em Antônio Pereira a partir do plano de trabalho aprovado em juízo.
Segundo a professora Tatiana, o grupo precisa entender quais violações de direitos humanos as pessoas estão sofrendo em função da atividade da mineração na comunidade. “É para isso que estamos aqui e vamos preparar uma equipe especificamente para realizar este trabalho, para responder aos problemas de Antônio Pereira”, afirmou a coordenadora.
A previsão é de que as atividades do grupo tenham duração de 24 meses e serão iniciadas após a finalização dos trâmites legais. Nesse tempo o GEPSA deve realizar essa estruturação, o cadastramento das pessoas atingidas, um diagnóstico socioeconômico e elaborar a matriz de danos.
O grupo vai trabalhar como entidade técnica multidisciplinar vinculada à juíza. Vai realizar o cadastro das pessoas atingidas, elaborar o diagnóstico socioeconômico, a matriz de danos e o plano de reparação da comunidade. Os trabalhos têm previsão de durar 24 meses.
O GEPSA irá iniciar os trabalhos após terminar os últimos trâmites legais.
Sim. O grupo possui a conta bancária para o depósito dos valores necessários para realizar os trabalhos.
O grupo informou que iniciará o cadastramento das pessoas atingidas no terceiro mês de trabalho.
Sim. O GEPSA também terá um escritório em Antônio Pereira para atendimento à comunidade.
Por Laura Alice e Ellen Barros
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