O encontro para a roda de cultura aconteceu de forma virtual e contou com a participação de pessoas atingidas da área 4, que compreende as comunidades de Pompéu e Curvelo.
Na noite da última quarta-feira, 28, a Roda de Cultura elaborada pela equipe de Cultura, Turismo, Esporte e Lazer do Instituto Guaicuy, abriu espaço para as memórias das festas e dos encontros comuns antes do rompimento da barragem da Vale e da pandemia de Covid-19.
O objetivo do encontro foi entender a cultura a partir das pessoas atingidas com uma caracterização do que elas reconhecem como fundamentais para as atividades que envolvem o turismo, a cultura, esportes e lazer dentro das comunidades e que podem ter sofrido impactos após o rompimento que atingiu o rio Paraopeba. Além de pessoas atingidas, também participou um representante da Secretaria de Cultura de Pompéu.
A empolgação para retornar às memórias ficou nítida durante a maior parte do encontro. Vieram as lembranças da dança, da culinária, da pescaria e dos grupos musicais que se reuniam. Um momento para falar de saudade e de como era a vida.
Em Pompéu, dentre tantos outros, foram lembrados os carnavais, a festa da Queima do Alho, as manifestações religiosas, a festa de São João, Folia de Reis, bandas musicais, o quilombo Saco Barreiro e a festa de Nossa Senhora do Rosário, além das barqueatas e da confecção do queijo e o doce de leite.
Em Angueretá (Curvelo), foi uma noite para recordar da quadrilha, a festa da Pedra Ardósia (que acontecia todos os anos entre outubro e novembro), o forró na praça, a festa de São João e das Raízes, a Roda de Cutia (uma dança antiga que começou como uma brincadeira e se transformou em uma forma que os jovens da época utilizavam para as paqueras).
Foram lembrados também os contadores de caso, a festa de Nossa Senhora da Soledade, os benzedeiros e as benzedeiras, a orquestra de flauta e as pessoas referência na construção de festividades dentro da comunidade, assim como do turismo em torno da culinária local e tantas outros festejos e manifestações.
Para alguns participantes, o efeito dominó causado primeiro pelo rompimento da barragem da Vale e pouco depois pelo início da pandemia de Covid-19 fez tudo mudar. A comunidade deixou de ter os espaços de cultura, lazer e envolvimento.
Muitos eventos deixaram de acontecer abrindo uma lacuna para a saudade das festas, do contato com outras pessoas, da preparação das comidas e dos ensaios das quadrilhas.
O encontro terminou com a cantoria de uma pessoa atingida. Acompanhe um trecho da letra:
“Adeus povo bom adeus
Adeus eu já vou me embora
Pelas águas do Paraopeba eu vim
Pelas águas do Paraopeba nós vamos simbora”
Quer continuar descobrindo mais sobre as histórias das culturas populares das comunidades atingidas? Acompanhe e acesse outros conteúdos no site do Guaicuy.
Ai que tristeza!… que a saudade se transforme em memoria, união e esperança de dias melhores. Força povo!