Participaram do encontro representantes das Assessorias Técnicas Independentes Aedas, Nacab e Guaicuy, a Coordenação de Acompanhamento Metodológico e Finalístico (CAMF/PUC Minas) e pessoas atingidas que desenvolviam atividades em torno da pesca nas regiões afetadas pelo rompimento da barragem da Vale. Durante o encontro, seminário discute sobre a pesca.
No último sábado (31), as Assessorias Técnicas junto com a CAMF/PUC Minas promoveram uma Live para discutir sobre o funcionamento da cadeia produtiva na bacia do Paraopeba e avaliar como o rompimento da barragem a afetou e ouvir os pescadores e pescadoras para refletir possíveis alternativas juntos na busca pela reparação.
Veja a transmissão completa:
Durante o encontro, os representantes das ATIs Paula Pimenta Gomes (Aedas), Fábio Meira (Nacab) e Marcus Vinícius Polignano (Instituto Guaicuy) trouxeram reflexões sobre os cenários, especificidades da pesca e desafios após a interrupção da atividade em cada um dos territórios de atuação das assessorias.
“Estamos diante de um crime continuado, em que as respostas são cada vez mais distantes e os problemas cada vez mais presentes. Isso causa a dor, o adoecimento, o sofrimento. Porque os problemas são vividos por pessoas. O rio não é simplesmente uma água corrente, rio é pra ter peixe, rio é pra ter vida, rio é pra nadar, rio é pra pescar, está inclusive na nossa lei das águas.” destacou Marcus Vinícius Polignano, do Instituto Guaicuy.
“A pesca é uma atividade econômica muito importante na bacia. Além disso, é uma atividade cultural, social e de segurança alimentar”, disse Rangel Santos da CAMF/PUC Minas.
Dois anos e meio após o rompimento, o cenário para quem vivia do rio ou tinha como espaço de lazer passou por uma bruta modificação. Seja na pesca para consumo, amadora e artesanal, muitos danos culturais e socioeconômicos foram gerados, por exemplo: interrupção da fonte de renda, perda do turismo e da autonomia, enfraquecimento da economia local, perda do lazer, entre muitos outros.
“Em meio a isso tudo a gente vê a importância da participação informada, de as pessoas serem escutadas, de terem acesso à informação, de poder construir junto. De se considerar o contexto sociocultural para a tomada de decisões, isso é essencial para que de fato as pessoas sejam reparadas”. Afirma Paula Gomes, da Aedas.
Nas áreas atingidas pelo rompimento a pesca é uma atividade fundamental, faz parte da subsistência das pessoas como alimento e fonte de renda passada de geração em geração.
“Fomos todos atingidos, todos que vivem da pesca. Se tirar isso de mim, eu não sei viver em outro ramo. Não escondo de ninguém que sou analfabeta e não sei ler. Se me tirar a pesca, como é que vou fazer para sobreviver?” Pergunta Ediceia de Oliveira, de Morada Nova de Minas.
“[O rompimento da] barragem trouxe muitos prejuízos para nós, trouxe muita comoção porque muitas pessoas perderam a vida, e perderam a vida não somente lá morrendo mas perderam a vida no decorrer do dia a dia porque não tem como trabalhar, não tem como pescar. Para nós está muito difícil”, completa Ana Paula Fernandes, de Três Marias.
Além do espaço de reflexão, os participantes também citaram sobre o efeito dominó causado nesses dois anos e meio, como a queda na renda e o impacto no turismo local. Foram levantadas algumas questões como a importância de se pensar a possibilidade de diversificação da renda nos territórios.
Também foram respondidas algumas perguntas levantadas durante o encontro, como o consumo do peixe, alternativas como a criação de peixes nas áreas atingidas, levantamento de projetos de revitalização no anexo 1.3 previsto no acordo e o que tem sido observado de mudança na cadeia produtiva da pesca.
Dentre muitos outros, a pesca é um tema muito importante nas áreas atingidas. Quer saber mais? Acesse também outros conteúdos disponíveis no site do Guaicuy.
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