O Instituto Guaicuy realiza pesquisas para o levantamento dos danos causados pelo rompimento da barragem da Vale, ocorrido em janeiro de 2019. Entre os dados coletados, a situação de saúde das pessoas atingidas é preocupante
Para apresentar os resultados, na noite do dia 25 de outubro, aconteceu o 6º Fórum Regional das Pessoas e Comunidades Atingidas da Região 4. A temática foi levada aos moradores de Pompéu e Curvelo pela equipe de Saúde e Assistência Social do Guaicuy, que também tirou dúvidas e orientou os participantes.
A saúde passa por fatores sociais e econômicos e pode ser definida como um estado completo de bem-estar físico, mental e social. “Não é só a ausência de doenças, a saúde é o somatório do acesso à moradia, alimentação, transporte, natureza, lazer, uma rede de apoio, de amigos e comunidade. E a saúde está garantida na Constituição Federal”, explica Paula Mota, coordenadora da equipe de Saúde e Assistência Social do Instituto Guaicuy.
Entre os estudos feitos pelo Instituto estão a Pesquisa em Saúde e o Diagnóstico Familiar e Individual sobre Perdas das Pessoas Atingidas (DFIPA), que trazem dados relevantes sobre a situação de saúde e o acesso aos serviços públicos de saúde nos territórios atingidos.
Com base nas pesquisas realizadas pelo Instituto Guaicuy, foi possível identificar danos às saúdes física e mental:
Nos levantamentos realizados pelos Guaicuy as pessoas atingidas e os gestores de saúde dos municípios de Pompéu e Curvelo indicaram, entre outras coisas:
De acordo com a pesquisa, aproximadamente metade das pessoas entrevistadas estão severamente afetadas em sua saúde mental. De modo geral, as alterações no estado de ânimo, os estados depressivos, casos de esquecimento e alteração do sono, foram os principais sintomas relatados pela população atingida, além do uso de medicações psiquiátricas e aumento do consumo de álcool e outras drogas
Os gastos com saúde também são uma preocupação e um limitante de acesso para as pessoas atingidas. Muitas vezes, há dependência de meios de locomoção privados, sejam eles próprios ou de outros. Essa locomoção é custosa para os usuários que não possuem alternativas, representando um obstáculo para o acesso aos serviços públicos de saúde.
Além disso, observa-se:
Após a apresentação dos resultados, as pessoas atingidas puderam se manifestar e indicar como se sentem após o rompimento da barragem da Vale. Maria Ione, de Cachoeira do Choro lamenta: “nós não pedimos para ser atingidos e agora somos nós que temos que correr atrás de tudo, não temos capital”.
“Nós temos que procurar dermatologista, psiquiatra, psicólogo, cardiologista, eu vou falar o básico, porque pode dar problema de pressão, quando a gente não está bem, tudo afeta. Precisamos de políticas públicas mais aplicadas para atender os atingidos em questão de saúde, deixa muito a desejar”, diz Ebe Cardoso, da comunidade de Vovó Arlinda.
O atingido Jordelino Mendes compartilha dos anseios das colegas e relata insegurança diante do cenário: “Somos todos escravos do medo com este crime, mas segurando uns nas mãos dos outros vamos superar”.
Pedro Aguiar, Assessor de Comunidades e Indivíduos do Guaicuy, reforça que o papel da ATI é dar suporte e fornecer informações. Ele incentiva que as pessoas relatem suas questões ao Instituto para que haja registro e dado para levar as questões a outras instâncias. “Temos uma tarefa, assessorias e atingidos, de fazer o avanço, melhor possível, porque toda conquista que a gente tiver por aqui, pode refletir em outros espaços”, conclui.
Confira a gravação na íntegra:
Pela falta de energia elétrica na região de Cachoeira do Choro e as ameaças de chuva em outras comunidades, muitas pessoas atingidas não tiveram acesso à internet para participar do encontro virtual.
Pensando em proporcionar o acesso à informação a mais pessoas, ficou acertado que será agendada uma nova data que será divulgada posteriormente para a reapresentação do Fórum e serão realizadas reuniões e acolhimentos presenciais sobre o tema.
O Guaicuy segue ao lado das pessoas atingidas e mantém o seu compromisso com a participação informada. Tem alguma dúvida? Ligue ou mande uma mensagem para (31) 97141- 0958.
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