Instituto Guaicuy

Sistema de Participação e Comissões são temas de reuniões comunitárias

21 de outubro, 2022, por Instituto Guaicuy

Reuniões comunitárias aconteceram em setembro e outubro e tiveram como principal tema a participação das pessoas atingidas nas decisões relativas à reparação

Cacimbas faz parte de Morada Nova de Minas e está a oeste da represa de Três Marias. A comunidade é conhecida pela tradicional festa do carreiro, um encontro de carros de boi que acontece anualmente na região. Em função do rompimento da barragem da Vale em 2019, a comunidade também está inserida no contexto da reparação. 

A reunião comunitária, realizada em 14 de outubro, aconteceu na sede da Associação dos Moradores e Produtores de Cacimbas e Região – AMPCAR. Na ocasião foram abordados o Sistema de Participação e Comissões das pessoas atingidas.

Somando esforços, as referências da comunidade, conseguiram reunir mais de 20 moradores, incluindo jovens, mulheres, idosos, pescadoras e pescadores, todas e todos por um único objetivo: a união na luta pela reparação!

Comissão e Sistema de Participação

Na reunião, que contou com pessoas participando pela primeira vez, foram abordados temas importantes, que vão desde o rompimento da barragem da Vale e danos sofridos até as Comissões de pessoas atingidas e Sistemas de Participação para o processo de reparação.

A mobilizadora do Guaicuy, Jessica Poliane, explicou o papel da Assessoria Técnica Independente (ATI) e como funciona o processo de reparação integral. Os analistas utilizaram uma dinâmica para ilustrar a importância da união: “um palito sozinho pode ser facilmente quebrado, mas é mais difícil quebrar todos os palitos quando estão unidos. E é isso que precisamos fazer aqui, unir as pessoas e as comunidades para somar forças e seguir na luta pela reparação”, afirmou a mobilizadora.

Cacimbas elegeu sete representantes na última rodada de reuniões comunitárias (setembro) e soma força na comissão de atingidos com as comunidades de Frei Orlando e Vau da Flores, ambas de Morada Nova de Minas.

Confira no vídeo como estão sendo as reuniões comunitárias da região 5:

https://www.youtube.com/watch?v=ihqgjzRqdNU

Pescando o peixe

A mobilizadora comparou a participação das pessoas atingidas no Sistema de Participação e das Comissões ao trabalho da pesca, exercido por grande parte das pessoas presentes: “para pescar o que é necessário? Basta ter peixe no rio?” Seu Onésio, produtor rural e atual presidente da AMPCAR,  respondeu que “sem ferramenta a gente não pesca”.

Jéssica explicou que “para alcançarmos a reparação integral, é preciso fazer essa máquina funcionar, e as principais engrenagens e ferramentas são as Comissões e o Sistema de Participação. Assim como na pesca, na horta se tem elementos essenciais para que a atividade dê certo (desde ferramentas, conhecimento, trabalho, etc), as Comissões e o Sistema de Participação precisam das pessoas atingidas participando e sendo ativas nesse espaço”.

Durante a atividade, o Sr. Onésio explicou que “sem representação não teremos recursos, não vamos chegar lá e nem ser beneficiados. Sem representação a gente não existe, ficamos esquecidos’. Temos pescadores, produtores que usam água da represa. No final das contas todo o povo foi prejudicado, estamos cercados pela represa de Três Marias, do ‘cumê’ do gado à irrigação de pivô. Estão falando que o peixe tá condenando, se o peixe está condenado, há mais coisas que podem estar também”.

Ele mencionou ainda que a participação da comunidade é muito importante: “estou surpreso com o tanto de gente que veio hoje. Os pescadores foram os mais prejudicados mas, quando se fala em água, todo mundo aqui teve prejuízo. Estamos mostrando para as pessoas que precisamos reivindicar nossos direitos relativos aos danos que tivemos,” finalizou. 

Fé e Luta

Dona Otelina de Oliveira Silvério, trabalhadora rural e referência na comunidade nos processos de organização social, conta o que compreendeu do Sistema de Participação: “a gente tem que estar por dentro. Não damos conta de tudo, mas, como representante da reparação, tenho que informar e buscar os benefícios para as pessoas atingidas”.

Sobre seguir em frente e consolidar a eleição dos sete representantes e a união com as demais comunidades, dona Otelina finaliza: “o Guaicuy trouxe os passos que a gente tem que dar, tá tudo preparado, o conhecimento tem que ser levantado assim mesmo!” Questionada sobre como quer seguir em frente, Otelina responde prontamente: “agora é pegar com Deus, nosso Senhor Jesus Cristo e ir à luta!”.

 

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