Instituto Guaicuy

Sobre ser astronauta no Paraopeba

5 de abril, 2021, por Comunicação Guaicuy

Thiago Henrique Lopes de Castro

É comum ouvir por toda parte que “sem água não há vida”. A astronomia se orientou por este conceito nos últimos 60 anos. Isso significa que, se o objetivo é realizar o estudo da superfície de um planeta, “haver água” é a informação mais relevante de todas elas. É a informação capaz de definir se há ou não razão de ser para que todo o estudo continue a ser produzido.

Imagine uma criança, Bryan, nascida na década de 1960. Sonhou sempre em ser um astronauta. Ficava horas acordado com a luz apagada, olhando para o céu em silêncio. Era apaixonado pelas matérias do colégio que o deixavam mais perto da fantasia que construía em sua imaginação.

Bryan estudou. Cresceu. Foi para a faculdade. Construiu uma carreira direcionada pelas suas pesquisas. Tornou-se cientista membro de uma famosa agência espacial. Conta com orgulho sobre o seu trabalho pro Tião do mercado e pro Gersinho do bar, amigos que estão com ele desde a infância. É a realização do seu maior desejo.

Foto: Daniela Paoliello/Instituto Guaicuy

Um dia Bryan acorda com a notícia de que descobriram que não há água em planeta nenhum.

Bem, sua profissão já não fazia mais tanto sentido assim. Na verdade, nunca teria feito sentido, considerando essa descoberta. Nunca existiu água em outro planeta. De tudo aquilo que ele produziu, muito pouco seria aproveitado.

Mas como isso seria possível? Bryan sonhou pelos últimos 50 anos com o dia que mostraria o resultado do seu trabalho. Bryan trabalhou pelos últimos 40 anos com a convicção de que “há bilhões de outros planetas no céu” e que “seria impossível alguém um dia afirmar que nenhum deles teria água”. Bryan se fez “astronauta”, sempre se viu como “astronauta”, todo mundo da rua chamava ele de “Bryan astronauta”.

A verdade é que, sem água, é impossível ter vida. Mas não se trata apenas da relação biológica que vem à mente, quando imaginamos qualquer ser vivo morrendo por sede. 

Ainda que haja água suficiente para beber, sem a água que existia aqui, não há trabalho. Não há o maior projeto construído ao longo da vida de todo e qualquer ser humano. Não há traço que diferencia uma pessoa e todas as outras que possuem o seu mesmo nome. Não há mercado, não há bar, consequentemente, talvez nem haja Tião ou Gersinho para poder contar sobre o que você fez depois de um dia de trabalho cansativo. Não há sequer a crença que motiva as pessoas a construírem algo, na expectativa de um dia poder ver o resultado de sua obra. 

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