A comunidade de Fazendinhas Baú, no município de Pompéu (Região 4), foi duramente afetada pelo rompimento da barragem da Vale em Brumadinho. As centenas de pessoas que lá vivem, nas margens do Rio Paraopeba, não têm acesso à luz elétrica e, desde o desastre-crime, convivem com a insegurança do consumo de água, já que o poço comunitário fica bem próximo ao leito do rio.
O rompimento da barragem não trouxe apenas a insegurança para consumir água, regar plantas e dar de beber aos animais: também tirou as principais atividades de lazer da população, que eram nadar e pescar no Paraopeba. Quase todos os moradores do Baú compraram seus terrenos e construíram suas casas lá por conta do rio, e desde janeiro de 2019, sofrem sem poder aproveitar para mergulhar ou comer um peixe assado.
Buscando mudar um pouco o cenário de falta de opções de lazer e unir a comunidade, um grupo de moradores conseguiu, junto à empresa loteadora, a cessão de um espaço para construir um campo de futebol. Sávio Alves Paula, membro da Comissão de Pessoas Atingidas de Fazendinhas Baú, é uma dessas pessoas. Junto a vizinhos e amigos, estruturou o campo: organizou uma campanha de doações e conseguiu redes para as traves, redes para cercar o campo e também um conjunto de uniformes com comerciantes locais. Assim, nasceu o Amigos do Baú Futebol Clube.
“Isso aqui é cultura. Nós somos um povo, aqui nas Fazendinhas Baú, muito sofrido. A gente não tem água, não tem luz. Nosso lazer, que era a pesca, não temos mais depois do rompimento. Então surgiu a ideia de criar o campo e montar um time de futebol”, conta Sávio. O Amigos do Baú disputa amistosos com times da zona rural de Pompéu e tem acumulado vitórias. Guilherme, o centroavante, arranca comparações com Hulk, craque do Atlético.
A equipe conta ainda com o reforço de moradores de Cachoeira do Choro, comunidade vizinha, do município de Curvelo, que também foi atingida pelo rompimento. Todos os finais de semana, moradores do Choro cruzam o Paraopeba de barco para jogar no Amigos do Baú. “O Geraldo desce de carro e espera na beira do rio para buscar os jogadores”, comenta Sávio.
Matéria originalmente publicada na 8ª edição do Piracema. Clique aqui para ler o jornal.
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