Um ano de trabalho por uma reparação justa e integral!
No dia de hoje, 1º de dezembro de 2023, o Instituto Guaicuy completa seu primeiro ano de trabalho como Assessoria Técnica Independente escolhida pelas pessoas atingidas pelo risco de rompimento e pelas obras de descomissionamento da Barragem Doutor, da Vale, em Antônio Pereira. Ronald Guerra, coordenador-geral da ATI Antônio Pereira e vice-presidente do Instituto Guaicuy, destaca algumas das principais responsabilidades da ATI. “Nós temos o papel de estar ao lado de todas essas pessoas atingidas, num processo de acolhimento, de orientação sobre seus direitos e, principalmente, de fortalecê-las para que se organizem cada vez mais para a luta”. Ronald completa: “Até aqui foi um ano, mas nós temos outros anos pela frente porque é um processo lento e de construção, a gente sabe das dinâmicas judiciais e tudo o que ocorre, então a luta continua!”
A população desse distrito de Ouro Preto (MG), que há anos convive com os impactos da mineração predatória, lutou muito pela conquista do direito à ATI e nos confiou essa importante tarefa de assessorá-la na luta por justiça e reparação dos danos causados pela mineradora. Camila de Fátima Bento, coordenadora da equipe de Direitos e Participação Social, comenta essa realidade. “A inserção de uma ATI num território que sofre há muito tempo com a mineração, que tem uma barragem com risco elevado de rompimento, não podia ser simples e fácil. A luta por assessoria técnica nesse território é uma luta muito grande e que durou muito tempo. Então a chegada da ATI em Antônio Pereira foi para responder muitas dúvidas e inquietações que as pessoas tinham e que é um direito delas”.
Para Izabella Resende, gerente de projetos da ATI Antônio Pereira, um ano é só o começo. “A Assessoria é um direito conquistado das pessoas atingidas. A gente continua se colocando à disposição dessas pessoas, para que esse percurso até a reparação integral seja feito com organização, com reconhecimento e também com acolhimento, com afeto, para que a gente consiga, juntos, chegar nessa justiça que as pessoas tanto esperam”.
Ao completar um ano de trabalho, olhamos para trás e vemos a relação potente que começamos a construir – e continuaremos construindo – com moradoras e moradores que permanecem no distrito e também com pessoas que sofreram a remoção forçada de seu território. Nosso papel é buscar garantir a participação informada da comunidade no processo de reparação. Desse lado de cá da trincheira, ao olhar ao redor vemos que estamos de mãos dadas com mulheres, homens, meninas e meninos de fibra e resistência. Nos certificamos de que é um prazer e uma honra encampar essa batalha ao lado de quem, todos os dias, luta pelo direito à cidadania e justiça socioambiental.
Compromisso e afeto
A responsabilidade e o trabalho são grandes ao assessorar essa comunidade. Trata-se de uma atividade feita com cuidado, dedicação, entrega e afeto por cada um dos 31 profissionais do Guaicuy na ATI Antônio Pereira. Uma equipe formada por profissionais de diversas áreas de conhecimento, como psicólogos, assistentes sociais, advogados, comunicadores, jornalistas e pessoal administrativo. Para Camila Bento, o trabalho continua a todo vapor. “Um ano de trabalho significa que a gente começou a se aproximar das pessoas, iniciou as metodologias que temos para facilitar a organização e os atendimentos, mas há um longo caminho. Para o ano que vem, que a gente possa, cada vez mais, se aproximar das pessoas, acompanhando de perto e tentando ser um instrumento de reparação frente a tantos danos“.
trabalho de base e a mobilização propriamente dita são pontos fortes da ATI Antônio Pereira. Essa frente de trabalho tem por objetivo apoiar a auto-organização da comunidade, por meio de reuniões de núcleos comunitários entre outras atividades. Outro destaque é a comunicação, pautada na construção do diálogo e de processos de interação com a comunidade. A nossa Comunicação Social também trabalha intensamente para ampliar o alcance das vozes das pessoas atingidas, pois entendemos a comunicação e o acesso à informação como um direito humano que deve ser garantido.
Além disso, oferecemos para a população de Antônio Pereira o serviço de acolhimento psicossocial e jurídico. Camila de Fátima Bento explica o modo como o acolhimento é pensado na ATI. “Nosso cuidado é para que esse seja um atendimento que fortaleça as pessoas atingidas, que seja empático, que traga para a pessoa atingida não apenas um caminho para a questão que ela trouxe, mas um espaço em que ela se sinta segura para colocar o problema dela, para apresentar as questões, incertezas, dúvida se inseguranças, que são muitas”.
Alguns números nos ajudam a ilustrar parte do que tem sido o encontro entre a ATI e a população de Antônio Pereira ao longo desses 12 meses.
No horizonte está a reparação
A comunidade de Antônio Pereira sabe bem que seus passos vêm de longe, por isso mesmo não se cala diante das injustiças e vulnerabilidades a que é submetida. A ATI é mais um instrumento para fazer ecoar essas vozes que gritam por reparação.
Para Izabella Resende, a caminhada é árdua, mas tem gerado frutos valiosos na direção da conquista de direitos. “Não é mais uma discussão se a reparação vai existir ou não, nós já estamos no caminho da reparação. Isso já foi considerado um direito das pessoas. Agora é percorrer essa caminhada, que é cheia de pedras e dificuldades, porque não existe na história um direito que seja adquirido sem luta”. A gerente de projetos da ATI completa: “A esperança de uma justiça, de uma reparação, já é uma realidade. Já começou, a busca por esses direitos já começou”.
É com essa certeza que a equipe do Instituto Guaicuy segue empenhada em lutar todos os dias pela reparação integral da população de Antônio Pereira e lembramos sempre que o Guaicuy tem lado: o lado das pessoas atingidas!
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