Paraopeba

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Passados seis anos do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, a recuperação do Rio Paraopeba segue distante, já que as operações de dragagem (remoção mecanizada dos rejeitos de minério) ainda não completaram dois quilômetros do Rio. A última versão do Plano Integrado de Dragagem, apresentado em outubro de 2024, aumentou o prazo e reduziu a meta: agora, prevê a limpeza de três quilômetros do Rio até 2026 e, na atual fase de projetos, de 46 km até 2027.
A dificuldade no cumprimento dos cronogramas de dragagem do Paraopeba deixa muitas dúvidas quanto ao retorno às condições anteriores ao rompimento, que é o objetivo do Plano de Recuperação Socioambiental – Anexo 2.1 do Acordo Judicial de Reparação firmado entre a Vale e o poder público de Minas Gerais em 2021 –, atualmente executado pela Arcadis, empresa contratada pela Vale, conforme definido no Acordo. O texto prevê a retirada dos rejeitos de minério até a Represa de Retiro Baixo, localizada entre os municípios de Curvelo e Pompéu, a 320 km de Brumadinho. Monica Campos, bióloga do Instituto Guaicuy, questiona: “um reservatório que acumulou e continua acumulando esses rejeitos, que ainda não foram retirados, vai ter sua condição pretérita recuperada?”
A bióloga explica que o transporte dos sedimentos presentes no fundo de rios e reservatórios depende de fatores como a intensidade e velocidade da água, profundidade do ambiente, entre outros. Nas áreas de menor velocidade das águas, como trechos de remansos ou nos reservatórios, espera-se maior acúmulo e depósito dos rejeitos de minério. Já nas áreas de correnteza mais forte, como na calha central do Rio, prevalecem as partículas maiores, como seixos e cascalhos.
Assim, boa parte dos rejeitos que alcançaram o Rio Paraopeba e se depositaram no reservatório da Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo foram retidos também pela barreira física da barragem. “Com o tempo, todo esse material será transportado progressivamente Rio abaixo, sobretudo nos períodos chuvosos, quando a vazão do Rio é maior. A deposição dessa massa de sedimentos e rejeitos pode impactar as espécies presentes, impedindo que as características e biodiversidade do cenário pré-rompimento sejam de fato restabelecidas”, diz Monica.
Outro ponto de atenção é a carência de informações e dados para alguns temas ambientais, como a caracterização e qualidade dos sedimentos da calha do Rio Paraopeba e do fundo do reservatório de Retiro Baixo antes do rompimento da barragem. “A qual condição de referência se pretende voltar se não existem dados suficientes para se definir esse padrão desejável?”, questiona Monica. “No próprio Plano de Recuperação Socioambiental há fragilidades na base de dados adotada, como divergência entre os resultados dos estudos da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) e os da Vale, o que impossibilitou o estabelecimento de um baseline (padrão de referência) adequado para os sedimentos de fundo”, completa.
Com a lentidão da dragagem, e considerando a quantidade de rejeito de minério derramado no Rio Paraopeba (cerca de 12 milhões de metros cúbicos), especialistas alertam que os prazos propostos para a recuperação não são realistas, e a limpeza poderia levar até 741 anos, no pior cenário.
Imagem: Daniela Paoliello/Guaicuy.
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