Instituto Guaicuy

Audiência sobre acordo com a Vale ocorre nesta terça-feira (17/11), sem participação direta das pessoas atingidas e com termos sob confidencialidade

17 de novembro, 2020, por Comunicação Guaicuy

Mesmo sem autorização, pessoas atingidas vão para a porta da audiência, às 14h, para tentar entrar e opinar no acordo; TJMG permitiu apenas 1 pessoa por cada uma das 5 regiões afetadas sem garantia de fala; atingidos consideram que presença sem fala poderia legitimar acordo feito sem participação real 

Nesta terça-feira (17/11), haverá uma audiência de conciliação sobre o possível acordo que está sendo negociado entre a Vale, o Estado de Minas Gerais e as Instituições de Justiça (Ministério Público de Minas Gerais como autor e as Defensorias Públicas Estadual e da União, a Advocacia Geral da União e o Ministério Público Federal, como amicus curae).

A audiência será presencial e está marcada para as 14h, no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte. 

Estarão presentes representantes da mineradora, do Estado e das Instituições de Justiça. O Tribunal de Justiça de MG autorizou a participação de apenas cinco pessoas atingidas, sendo um representante de cada região.

Mesmo com a presença das Instituições de Justiça (Defensoria Pública/MG e Ministério Público/MG), que representam as pessoas  no processo coletivo, as pessoas atingidas vêm cobrando, do Poder Público e das Assessorias Técnicas, acesso aos termos do acordo proposto e uma participação efetiva  em todos os atos do processo, com direito à fala e a opinar sobre cada premissa do possível acordo. Elas consideram que participar da audiência desta terça-feira, sem poder falar, poderia legitimar um acordo feito sem participação real. 

Pessoas atingidas farão um protesto nesta terça-feira (17/11), a partir das 14h, reivindicando participação efetiva e representativa, na porta do Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (CEJUSC) do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), em Belo Horizonte. O endereço é Avenida Francisco Sá, 1409 – Gutierrez, Belo Horizonte. 

Pessoas atingidas pedem voz e maior representação na construção do possível acordo

Após reunião virtual de integrantes das Comissões Atingidos e representantes dos atingidos das 5 regiões da Bacia do Paraopeba, realizada no dia 11 de novembro, as Assessorias Técnicas Independentes enviaram ofício ao Comitê Gestor Pró-Brumadinho (Governo de Minas). 

No ofício, é solicitada a presença de pelo menos cinco pessoas atingidas de cada uma das cinco regiões, com o acompanhamento de suas respectivas Assessorias Técnicas Independentes. Também foi solicitado pelas comunidades e sistematizado no ofício pelas ATIs, a garantia da participação de um representante dos atingidos da denominada “zona quente”, de um representante dos familiares das vítimas e um representante dos povos e comunidades tradicionais. 

Além disso, foi solicitado o direito à fala de, ao menos, cinco pessoas de cada uma das cinco regiões, de um representante da denominada “zona quente”, de um representante dos familiares das vítimas e de um representante dos povos e comunidades tradicionais.

Função das Assessorias Técnicas 

O Instituto Guaicuy foi eleito como Assessoria Técnica Independente (ATI) pelas pessoas atingidas pelo rompimento da rompimento das barragens da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho, nas áreas 4 (Pompéu e Curvelo) e 5 (municípios no entorno do lago de Três Marias). As pessoas afetadas pelo desastre na bacia do Paraopeba contam com assessoria  da Associação Estadual de Defesa Ambiental e Social – Aedas (regiões 1 e 2) e do Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens – Nacab (região 3).

O Guaicuy, enquanto Assessoria Técnica, tem como papel garantir a participação informada das comunidades afetadas pelo desastre.

Segundo o Termo de Referência das instituições de Justiça, “a assessoria técnica visa, de forma multidisciplinar, garantir o direito à informação, inclusive técnica, às pessoas atingidas, em linguagem adequada às características socioculturais e locais, bem como possibilitar a participação informada” em todo o processo judicial, inclusive na negociação de acordo ou qualquer medida de reparação dos danos. 

TJMG levantou sigilo, mas apenas DP, MP e Vale têm acesso ao acordo

Uma decisão proferida pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), na última quinta-feira (12/11), levantou o segredo de justiça sobre a negociação. Entretanto, a mesma decisão manteve a cláusula de confidencialidade. Sendo assim, até  o momento, o Instituto Guaicuy e as comunidades atingidas seguem sem acesso ao teor dos termos da proposta de acordo. 

Em face da referida decisão, apenas as partes do processo (Vale, Estado de Minas Gerais, Defensoria Pública e Ministério Público) têm acesso, neste momento, à minuta proposta pelo Estado à contraproposta da Vale S/A, em virtude da confidencialidade imposta. Por esse motivo, a divulgação, ou não, dos termos do acordo permanece nas mãos das partes do processo. 

Gostou do conteúdo? Compartilhe nas redes sociais!

O que você achou deste conteúdo?

O seu endereço de e-mail não será publicado. Todos os campos são obrigatórios.

Ao comentar você concorda com os termos de uso do site.

Assine nossa newsletter

Quer receber os destaques da atuação do Guaicuy em primeira mão? Assine nosso boletim geral!