População de Antônio Pereira, região que é pólo da mineração em Ouro Preto, concentra mais de 85% dos casos de dengue no município
Antônio Pereira, distrito que sofre os impactos do risco de rompimento e obras de descomissionamento da Barragem Doutor, da mineradora Vale, possui a maioria dos testes positivos para dengue em Ouro Preto. Até o dia 6/2, o número de casos de dengue no município era de 209, destes 178 são de Antônio Pereira.
O Instituto Guaicuy, organização escolhida pela comunidade para atuar como sua Assessoria Técnica Independente (ATI) em razão do acionamento do PAEBM da Barragem Doutor, da Vale, tem recebido diversas denúncias da população do distrito relacionadas ao número de focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. Diante disso, no dia 31/1, a ATI enviou um ofício para a Vale, a Secretária de Saúde de Ouro Preto e o Ministério Público de Minas Gerais, solicitando informações sobre: limpeza dos imóveis da Zona de Autossalvamento (ZAS); próximas ações da prefeitura para o enfrentamento ao mosquito no distrito e; número de casos confirmados de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti em Antônio Pereira.
De acordo com Rafael Ribeiro, Chefe da Zoonoses de Ouro Preto, até a tarde da última terça-feira, 6/2 foram recebidas 330 notificações de possíveis casos de dengue no município, destes 209 testes deram positivos e 121 negativos. Os números do distrito de Antônio Pereira são os responsáveis por inflar os dados gerais do município, isso porque somam-se 193 notificações, 178 testes positivos e apenas 15 negativos. Rafael relata que a próxima ação da prefeitura diante da crise é a aplicação do método Ultra Baixo Volume (UBV – como o fumacê), hoje, dia 8/2 e amanhã, 9/2, das 8h às 12h, para extermínio dos mosquitos adultos na região da rua da Lagoa e das Projetadas. Nos dias 15 e 16/2 a aplicação do UBV segue para outras regiões de Antônio Pereira, por ordem de incidência dos casos de dengue.
Apesar da baixa toxicidade, alguns cuidados devem ser tomados devido a aplicação do UBV, são eles: cobrir gaiolas de pássaros com um tecido e guardá-las no interior da residência; cobrir vasilhames de comida e água de animais e/ou guardá-los no interior da residência; não deixar alimentos expostos próximo às janela; manter distância das bombas durante a aplicação do UBV; pessoas com problemas respiratórios devem permanecer nos cômodos dos fundos da residência; o consumo de verduras e frutas do quintal só podem ocorrer após 12 (doze) horas da aplicação do UBV.
Vale negligencia imóveis de famílias removidas
As moradias depredadas após as remoções de famílias pela Vale, imóveis que estão sob responsabilidade da mineradora, são pontos de atenção e alvo de frequentes denúncias da comunidade, pois, com as chuvas de verão, os entulhos geram focos de Aedes aegypti. Desde o final do mês de janeiro deste ano, mais dois imóveis de famílias removidas pela Vale na rua Vista Alegre (Canga), em Antônio Pereira, foram saqueados. A região virou mais uma com alto número de pessoas adoecidas pela dengue no distrito.
A prefeitura de Ouro Preto informa que nos dia 31/1 e 1/2 foram realizadas intervenções, acompanhadas pela mineradora, para eliminar larvas de Aedes aegypti em todos os imóveis de famílias removidas em Antônio Pereira. Rafael Ribeiro explica que, para estes imóveis deixarem de ser foco do mosquito, a Zoonoses fez um acordo com a Vale, que se comprometeu a fazer a limpeza dos imóveis no prazo de 15 dias. O prazo vence logo após o Carnaval, no dia 15/2.
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