Instituto Guaicuy

Guaicuy lamenta a morte do Cacique Merong e repudia a tentativa da Vale de impedir o sepultamento

6 de março, 2024, por Comunicação Guaicuy

‘Se me matarem na luta, me transformarei em adubo para fazer germinar mais lutas pelos direitos indígenas para retomarmos nossos territórios’, Cacique Merong Kamakã

O Instituto Guaicuy repudia a tentativa da Vale de impedir o sepultamento do Cacique Merong Kamakã em Brumadinho. A mineradora, responsável pelo rompimento da barragem naquele município que deixou um rastro de morte e destruição, procurou a Justiça para que a liderança indígena não pudesse ser enterrada no Córrego Areias, área disputada entre a empresa e o povo indígena Kamakã Mongoió.

O Cacique Merong Kamakã foi encontrado morto na segunda-feira (4) na aldeia em que vivia. A Vale conseguiu que a juíza Geneviève Grossi Orsi, da 8ª Vara Federal Cível de Belo Horizonte, determinasse o uso de força policial para impedir o sepultamento. A decisão foi criticada pela própria Polícia Federal, que a considerou preocupante, de acordo com o jornal O Tempo. 

Diante da lamentável pressão da mineradora, e considerando que o povo Kamakã Mongoió não foi citado na ação judicial, os indígenas decidiram enterrá-lo na madrugada de terça para quarta. Assim, consideram o caso encerrado, ainda que a Vale possa solicitar na Justiça, por exemplo, a remoção do corpo e a exumação, o que seria um absurdo ainda maior. 

‘A terra é vida e espiritualidade. No momento em que a terra é explorada indevidamente, ela nos dá o retorno da sua dor’, Cacique Merong Kamakã

O Guaicuy considera inaceitável o desrespeito da Vale ao Cacique, a seus familiares e ao povo Kamakã Mongoió. Nem mesmo na hora da morte a mineradora permite um momento de paz aos indígenas, que já lutam há anos pelo direito à sua terra originária. Em outubro de 2021, os Kamakã Mongoió retomaram a terra em Brumadinho e, desde então, lutam pela preservação da região e da Serra da Moeda contra a mineração predatória. 

Nesse momento triste, nos solidarizamos com o povo Kamakã Mongoió, com os familiares e amigos do Cacique. Esperamos que seu legado seja respeitado, reverenciado e sirva de força e esperança para a luta em defesa dos povos originários e da natureza.

Cacique Merong Kamakã, presente! Agora e sempre!

Instituto Guaicuy

Belo Horizonte, Minas Gerais

6 de março de 2024. 

 

Imagem de CONAFER

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