Instituto Guaicuy

Vale gasta mais para recomprar ações do que para indenizar vítimas do rompimento da barragem

20 de maio, 2024, por Laura Garcia

Acordos individuais pagos a uma pequena parcela das pessoas atingidas somam menos de R$1,5 bilhão, enquanto R$73,5 bilhões foram gastos em benefício de acionistas da mineradora

Ao longo da árdua luta das pessoas atingidas pelo rompimento da barragem da Vale há cinco anos em Brumadinho, a mineradora tem investido pesado na recuperação das ações da empresa na Bolsa de Valores. Segundo denúncia da Articulação Internacional dos Atingidos e Atingidas pela Vale, o montante chega a 73,5 bilhões de reais. O valor é quase 50 vezes o que foi gasto até hoje em indenizações individuais – sendo R$1,4 bilhão pelo Termo de Compromisso assinado com a Defensoria Pública de Minas Gerais em 2019 e cerca de R$66,6 milhões pelas vias judiciais.

Com a manobra da Vale, as ações da empresa voltaram a subir após breve desvalorização em decorrência do crime-desastre. A quantia altíssima chama ainda mais atenção em comparação com os valores investidos na reparação. O Acordo Judicial de Reparação, firmado com o poder público de Minas Gerais em 2021 e comemorado pelo governo estadual, totaliza R$37,6 bilhões, pouco mais da metade do valor gasto pela empresa na recuperação. 

A Vale ainda se manifestou contra a resolução coletiva das indenizações, alegando que as 9.068 pessoas indenizadas seriam a “maioria, senão a totalidade” das pessoas prejudicadas. Mas os registros de atendimentos realizados pelas Assessorias Técnicas Independentes (ATIs) indicam que mais de 150 mil pessoas foram atingidas ao longo da Bacia do Paraopeba, Represa de Três Marias e Rio São Francisco.

 

Imagem: Vinícius Mendonça/IBAMA. Gráfico: Matheus Ferreira/Guaicuy.

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